O Governo quer manter “durante mais algum tempo” as medidas que ainda estão em vigor devido à epidemia de covid-19, apesar de o país já ter atingido os critérios propostos pelos peritos para avançar para um novo alívio de restrições, disse esta quarta-feira António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, em declarações aos jornalistas. Uma das medidas ainda em vigor é o uso obrigatório de máscara nos transportes públicos.
“Estamos neste momento com 18 óbitos por milhão de habitantes a 14 dias, uma incidência de 284 casos por 100 mil habitantes a sete dias e um R(t) de 0,87. Isso significa que todos os indicadores epidemiológicos são decrescentes, por isso, obviamente, estamos satisfeitos”, afirmou o secretário de Estado, durante uma visita ao Hospital de Aveiro. “Mas não devemos baixar a guarda. Acho que devemos manter algumas medidas cautelares, que devem ser consolidadas durante mais algum tempo.”
Há três meses, a 21 de abril, quando o Conselho de Ministros decidiu pôr fim ao uso obrigatório de máscara em espaços fechados, incluindo nas escolas, a regra manteve-se apenas nos transportes públicos, lares e estabelecimentos de saúde. Para acabar com essa restrição, os peritos definiram duas regras: atingir a meta das 20 mortes por milhão de habitantes a 14 dias e ter menos de 170 camas ocupadas em unidades de cuidados intensivos, segundo o plano apresentado em fevereiro.
Os dados de óbitos divulgados diariamente pela Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que Portugal atingiu a meta no indicador de mortalidade no passado dia 23 de julho (com 20 mortes por milhão de habitantes). A 24 de julho, desceu para 18,5 óbitos por milhão, a 25 para 17,7 e a 26 de julho era de 18. No total, de acordo com os dados da DGS, desde o dia 22 de julho o número de mortes diárias tem sido inferior a 12. Nas unidades de cuidados intensivos estavam ocupadas 49 camas na semana passada, segundo o relatório de monitorização da epidemia, divulgado na sexta-feira.
Em países como Itália e Espanha continua a existir a obrigatoriedade de usar máscara nos transportes públicos e em unidades de saúde. França, Bélgica e Dinamarca já não a exigem nos transportes, mas apenas nos estabelecimentos de saúde. Perante o aumento recente de novos casos de covid, o governo francês voltou apenas a recomendar a sua utilização nos transportes, mas alguns autarcas decidiram impô-la como obrigatória, como aconteceu em Nice, este mês.
No Reino Unido, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia, as máscaras já não são obrigatórias em nenhuma situação. Desde meados de maio que a Agência Europeia para a Segurança da Aviação e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) puseram fim à recomendação de uso de máscara nos aeroportos e voos na Europa.
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