Há vários dias que João Cabral, de 17 anos, pensa apenas numa coisa: o exame de Matemática. Com uma média interna de 19,88 valores, só um desastre na prova poderia ameaçar a entrada no ambicionado curso de Medicina; no 10º e 11º anos terminou a disciplina com 20, o que deveria ser suficiente para lhe retirar qualquer angústia. Mas não é assim. Está “muito nervoso” e começa a sentir a ansiedade que o atormentou no ano passado, quando fez as provas do 11º. “No mês anterior, quase só saía de casa para ir às explicações. Não conseguia dormir, sentia muitas vezes um aperto no peito e custava-me a respirar. Agora começa a ser igual. Não há um único dia em que não pense no exame”, conta o aluno do Colégio da Trofa (Vila do Conde).
Está longe de ser um caso raro. Segundo dados de estudos internacionais, como o PISA, os alunos portugueses estão entre os mais ansiosos de toda a OCDE no que diz respeito à avaliação. Mesmo que estejam bem preparados para um teste, 69% dizem sentir “muita ansiedade”, 14 pontos percentuais acima da média dos restantes países da organização. “Atribui-se às notas uma importância patológica. É preciso desdramatizar a avaliação, dando-lhe um lugar importante mas não avassalador. Os alunos dizem-nos que os próprios pais os stressam demasiado com as notas e em anos de provas nacionais ou entrada na universidade pior. E quando é demasiada, essa emoção torna-se mentalmente paralisante”, diz a psicóloga Margarida Gaspar de Matos, que coordenou o estudo sobre a saúde psicológica dos alunos, divulgado no mês passado.
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