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"Tenho de dar voz ao povo ucraniano. Já o faço em Lisboa, agora, é em Fátima": ucranianos fazem-se ouvir no "regresso" do 13 de maio

Depois de dois anos de restrições, 200 mil peregrinos regressaram a Fátima. Entre eles, alguns ucranianos de bandeira hasteada vieram para "dar voz e rezar por quem não pode cá estar, pelos que já partiram". No altar, o representante do Vaticano apelou à “Maria Santíssima, rainha da paz”, para que intercedesse pelos “sofrem os horrores da guerra na Ucrânia”

Na noite de Procissão de Velas, no altar da Basílica da Nossa Senhora do Rosário de Fátima, o arcebispo venezuelano Edgar Peña Parra, diplomata do Estado do Vaticano que presidiu à Peregrinação, insistia no tema do conflito no leste da Europa: "O pranto de Deus ante uma guerra que destrói não só a Ucrânia, mas também os vencedores e os que observam", ouvia-se no recinto de oração. Mais abaixo, na primeira fila, estava a ucraniana Karina Potomkina, enfermeira em Portugal há mais de uma década. A filha de nove anos já não fala a sua língua, mas aprendeu em 24h a cantar “hey, hey, rise up!”, a música de homenagem à Ucrânia que marcou o regresso dos Pink Floyd, em parceria com o artista ucraniano Andriy Khlyvnyuk.

No telemóvel, Karina mostra o vídeo que gravou da filha a cantar, entre as centenas de publicações que fez no Facebook desde que a Rússia invadiu o seu país. O que a leva a publicar constantemente nas redes sociais é o mesmo impulso que a traz a Fátima: “Eles lá na Ucrânia veem. Os meus irmãos veem tudo o que faço, muitas vezes até em direto. Mostram aos amigos, partilham. É importante mostrar-lhes que não nos esquecemos deles”. É por isso que vai a todas as manifestações em Lisboa e agora está em Fátima.

Chegou cedo, na manhã de 13, para se certificar de que conseguia pendurar as bandeiras portuguesa e ucraniana, lado a lado, bem junto à Basílica da Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na primeira fila. Não quer atenção, diz Karina, quer dar voz ao povo ucraniano. "Já o fazia em Lisboa, no Terreiro do Paço, nas manifestações. Participei em todas. Agora, é em Fátima". Diz não ter, nem poder ter vergonha de ser ucraniana. Pendurou as duas bandeiras juntas porque os portugueses têm ajudado os ucranianos em tudo. "É um gesto de agradecimento”, completa.

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