O número de residentes em Portugal caiu 2% nos últimos dez anos, de acordo com os primeiros resultados dos recenseamentos gerais da população e habitação (Censos 2021), divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). É a primeira vez desde 1970 que o país perde população.
Segundo o Censos, Portugal tem neste momento 10.347.892 habitantes, o que representa uma descida de 2% face a 2011. Nesta década, o saldo migratório positivo não foi suficiente para compensar o saldo natural negativo (diferença entre nascimentos e óbitos).
Cerca de 50% da população concentra-se em 31 dos 308 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.
As mulheres, que representam 52% da população, só não são maioria em sete dos 308 municípios: Odemira, Ferreira do Alentejo, Mourão, Grândola, Monchique, Corvo e Lajes das Flores.
Praticamente todo o Interior do país perdeu população de forma acentuada entre 2011 e 2021. Barrancos, no distrito de Beja, foi o município que mais viu cair o número de habitantes (-21,8%), seguido de Tabuaço (-20,6%), no distrito de Viseu, e Torre de Moncorvo (-20,4%), no distrito de Bragança.
Pelo contrário, Odemira, no Alentejo, foi o concelho que mais ganhou habitantes, com um aumento de 13,3%, sobretudo graças à imigração. Mafra, Palmela e Alcochete, todos na Área Metropolitana de Lisboa, seguem-se entre os que mais cresceram. A Norte, Braga foi o concelho que registou a maior subida (6,5%).
Apesar da diminuição do total de população, o número de agregados familiares sofreu um aumento de 2,6% na última década. Tal acontece porque há uma redução da dimensão média dos agregados, que em 2021 é de 2,5 pessoas.
Só as regiões de Lisboa e Algarve viram a população aumentar
Por regiões, só Lisboa e Algarve ganharam população. O Algarve registou um crescimento populacional de 3,7% e a AML de 1,7%.
Apesar da diminuição de 2% no número de residentes em Portugal, o número de edifícios cresceu 1,2%, um ritmo "bastante inferior" ao registado nas ´decadas anteriores", revela o INE. As regiões do Algarve e dos Açores foram aquelas onde a construção mais aumentou.
A fase de recolha dos Censos 2021 – executada por 15 mil pessoas – decorreu entre 5 de abril e 31 de maio e “contou com a participação empenhada da população, permitindo a conclusão da maior parte dos trabalhos em apenas seis semanas depois da data do momento censitário (dia 19 de abril)”, destacou o INE.
Sublinhando o “elevadíssimo nível de adesão por parte dos cidadãos”, o INE referiu que “99,3% das respostas da população” chegaram por via digital.
O questionário, há dez anos traduzido em cinco línguas, foi em 2021 traduzido em 11 outros idiomas, revela Mariana Vieira da Silva, ministra do Estado e da Presidência, também presente no evento de apresentação dos dados preliminares dos Censos 2021.
A ministra salienta esta operação estatística como tendo sido “a maior da década, em Portugal”. Este ano, com um desafio acrescido, o da pandemia, destacou ainda que o “o INE teve a capacidade de se adaptar, criando a resposta através da internet”, o que considera ter sido a “peça chave” da operação.