Agricultor em greve de fome em Belém interrompe protesto após apelo de Marcelo Rebelo de Sousa

Luís Dias, agricultor que este domingo completou 28 dias de greve de fome em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, decidiu suspender o seu protesto, sensibilizado por um apelo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

"Há 28 dias iniciei este protesto solitariamente. Hoje, sensibilizado pelo apoio de tantos que recebi, e pelos apelos - incluindo do Presidente da República - a que preservasse a minha saúde, decidi interromper a greve de fome", declarou Luís Dias numa mensagem deixada na sua conta na rede social Twitter.

O agricultor decidiu há quase um mês protestar diariamente, das 8h00 às 19h00, em frente ao Palácio de Belém, contra "a indiferença destrutiva do Estado", que acusa de lhe ter boicotado o seu projeto agrícola em Idanha-a-Nova, exigindo garantias bancárias para viabilizar um financiamento do programa Proder. Em 2017 o mau tempo destruiu as estufas em que Luís Dias já tinha investido, o que levou o agricultor a solicitar apoios públicos, que não chegaram, num processo marcado por vários entraves burocráticos.

"Estou grato pelo apoio de todos os que vieram em minha defesa nos últimos dias. Estou grato ao presidente Marcelo pela visita que me fez e pela conversa substantiva que manteve comigo, esta tarde, sobre o processo. Estou grato pelo interesse do presidente em manter-se informado sobre o caso e espero que exerça a sua magistratura de influência no sentido, não de defender o meu interesse particular, mas de garantir o regular funcionamento das instituições democráticas que a Constituição lhe confia, para chegarmos tão rapidamente quanto possível a uma solução", refere Luís Dias na mensagem divulgada este domingo.

Além de Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu também visitas da antiga eurodeputada Ana Gomes e do ex-presidente da associação Transparência e Integridade, João Paulo Batalha.

No final da sua mensagem manifesta confiança. "Estou confiante de que este combate tem hoje muitos apoiantes e que a melhor forma de continuá-lo, em Portugal e nas instâncias europeias, é trabalhando com os cidadãos que entretanto se juntaram a esta causa, pela defesa dos meus direitos, mas, mais do que isso, pela garantia de transparência, lisura e eficiência na gestão dos fundos europeus", escreveu Luís Dias.