A intenção desta intentona não era, porém, fazer o país evoluir para uma democracia, mas sim deslocar o eixo político do presidente do Conselho, um civil, para os militares e o Presidente da República. Numa ideia, pretendia recuperar o espírito do 28 de maio de 1926, continuando a recusar o liberalismo político, mas enveredando por um reformismo que atacasse o que, na sua ótica, eram os principais males do regime: a promiscuidade entre o Estado e os grupos económicos; o nepotismo; a inflexibilidade doutrinária, sobretudo em relação às então províncias ultramarinas; o desinvestimento na educação e na melhoria das condições de vida da população; e a imposição de um pensamento único, com consequente estrangulamento da liberdade de expressão.
A Abrilada de 1961 não foi pois um ensaio longínquo do 25 de abril de 1974. Mas, caso tivesse triunfado, podia ter evitado 13 anos de guerra e talvez até o penoso arrastar de um regime que recusava enfrentar a realidade.
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