Sociedade

Família de Ihor Homenyuk vai receber indemnização superior a 800 mil euros

Ihor Homeniuk aterrou em Portugal às 11h de 10 de março. Morreu às 18h40 do dia 12
Ihor Homeniuk aterrou em Portugal às 11h de 10 de março. Morreu às 18h40 do dia 12

Decisão da Provedora de Justiça estipula 712.950 euros de compensação imediata, a que se soma uma pensão para os dois filhos do cidadão ucraniano enquanto estiverem a estudar. A indemnização teve em conta o “tratamento cruel, desumano e degradante” a que a vítima foi sujeita enquanto esteve à guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

A família de Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano que morreu quando estava sob custódia do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no aeroporto de Lisboa, vai receber do Estado português uma indemnização superior a 800 mil euros. Segundo avança o "Diário de Notícias", o valor imediato a ser pago totaliza 712.950 euros, a que acresce uma pensão para os dois filhos enquanto estes estiverem a estudar.

No total, o advogado da família calcula que o montante a ser pago por Portugal ascenda a 834 mil euros – a título de de indemnização civil tinha sido pedido em tribunal um milhão, em nome da viúva, Oksana Homeniuk, e dos filhos Veronika e Oleg, ambos menores.

O montante da indemnização foi decidido pela Provedora de Justiça, na sequência de uma Resolução do Conselho de Ministros realizado a 14 de dezembro, cujo teor determina que a verba seja suportada pelo orçamento do SEF. Nela se incluem 50 mil euros destinados ao pai de Ihor Homeniuk, recordando o jornal que a mãe tinha morrido um mês antes de o filho viajar para Portugal.

A decisão de Maria Lúcia Amaral, a que o DN teve acesso, teve em conta “as circunstâncias que conduziram à morte, em particular a frustração de todas as expectativas quanto à salvaguarda dos direitos fundamentais da vítima pelas instituições portuguesas, mas também pelo afastamento geográfico e linguístico". É também referido que “os elementos já conhecidos permitem concluir, em termos objetivos, pela verificação de ações e omissões que correspondem ao tratamento cruel, desumano ou degradante”. “Quer pelas ações cuja prática se encontra estabelecida, quer pela omissão de cuidados no extenso período que antecedeu a morte, é possível concluir por um intenso grau de sofrimento, prolongado no tempo”, transcreve ainda o jornal.

A indemnização considera 80 mil euros pelo dano de “perda da vida” e 100 mil euros relativos ao sofrimento ‘ante mortem’, sendo a soma dividida em parte iguais pela viúva e pelos dois filhos. Como danos de terceiros foi fixada a verba de 56 mil euros para a viúva e outro tanto para cada um dos dois filhos, além dos referidos 50 mil euros para o pai da vítima.

Os valores atribuídos têm em conta a esperança média de vida dos herdeiros de Ihor Homenyuk. No caso dos filhos, atualmente com nove e 14 anos, e caso prossigam estudos ou formação profissional, manter-se-á o direito ao pagamento de uma renda anual até ao ano em que atingirem 28 anos.

Ihor Homeniuk morreu a 12 de março, dois dias depois de ter chegado ao aeroporto Humberto Delgado e de lhe ter sido recusada ilegalmente a entrada. Segundo o Ministério Público, foi vítima de violentas agressões, estando acusados de homicídio qualificado os inspetores do SEF Luís Silva, Duarte Laja e Bruno Sousa.

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