Subiu para 16.585 o número de infetados por Covid-19 em Portugal, face a um aumento de 3,7% nas últimas 24 horas, o que corresponde a 598 novos casos. Foram registadas também 34 mortes no mesmo período levando a taxa de letalidade no país a fixar-se pela primeira vez nos 3,04%, revela o boletim epidemiológico divulgado este domingo pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Na habitual conferência de imprensa, a ministra da Saúde, Marta Temido sublinhou que 88% dos casos de infeções confirmados são de pessoas que se encontram em casa, 7,1% de pessoas que se encontram hospitalizadas e 1,4% de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos. A governante realçou ainda que dos 34 óbitos registados nas últimas 24 horas, 25 tinham mais de 80 anos, insistindo na necessidade de proteger os mais vulneráveis.
"Estamos de facto num tempo de incerteza, mas também num tempo de esperança porque também é Páscoa. É num equilíbrio entre incerteza e esperança que temos que nos mover", declarou Marta Temido.
Infetados 90 utentes de unidades de cuidados continuados
A governante avançou ainda que das 390 unidades de cuidados continuados existentes na rede pública, 21 têm doentes infetados, sendo que 90 pessoas estão contaminadas. "E por falar em esperança, penso que o trabalho que temos vindo a desenvolver concretamente na rede de cuidados continuados mostra isso mesmo", acrescentou.
Marta Temido anunciou também que a encomenda dos 508 ventiladores que deviam chegar ao país esta semana está atrasada, assim como a entrega de kits de extração, frisando que na China, esta semana os regulamentos sobre transportes mudaram "obrigando a novas autorizações" que demoraram alguns dias, atrasando o processo em cerca de oito dias.
Confrontada sobre o facto de a OMS ter alertado no início do ano para a falta de material de equipamento de proteção, Marta Temido garante que o país não ignorou o aviso. "Desde a primeira hora o país se preparou em termos de orientação às suas instituições para reforçassem os seis stocks de segurança", afirma a ministra.
"Entendo que os países não andaram todos à mesma velocidade, que as instituições e sectores também não andaram à mesma velocidade dentro de cada país, mas penso que quanto a Portugal fizemos a preparação adequada, continuamos a fazê-la diariamente e procuramos com a tenacidade de quem se ocupa com a componente de compras, de pagamentos e logística assegurar que não haja falhas, nem quebras dentro de um contexto de escassez global que é neste momento o que todos os países se situam", acrescenta.
Confrontada sobre o facto de o Hospital da Cruz Vermelha deixar de receber doentes Covid-19, Marta Temido fugiu à questão, limitando-se a afirmar que a eventual articulação dos hospitais do sector privado e social com o SNS terá como base as necessidades do momento. "Uma vez que a resposta que estamos a dar em termos do SNS parece estar sustentada é natural que se possa não ativar outros hospitais", ressalvou.
Graça Freitas desvaloriza acertos nos dados
Já a diretora-Geral de Saúde, Graça Freitas, desvalorizou as incoerências em termos dos dados sobre os casos de infetados por Covid-19, sublinhando que as entidades locais têm mecanismos diferentes de recolha de informações. "E óbvio que a nível local há outros mecanismos e instituições que também estão a recolher essa informação. Nós temos que perceber que não estamos contra ninguém, não estamos uns contra os outros e pode haver acertos e desacertos na informação", afirmou Graça Freitas.
Segundo a diretora-geral de Saúde, um paciente pode estar inscrito numa freguesia, residir noutra e adoecer noutra, o que pode originar diferenças nos dados.
No entanto, Graça Freitas advertiu que as entidades locais têm que ter cautela na divulgação de números por antecipação à DGS ."Mas temos que ter muito cuidado para não infringir as regras de confidencialidade, há regras nas estatísticas nacionais que preservam os direitos das pessoas", alertou.
Por último, a diretora-geral de Saúde fez questão de deixar uma mensagem às populações das regiões menos afetadas pelo novo coronavírus, garantindo que é importante seguirem as recomendações e manterem o isolamento social porque "nenhuma região do país está livre de ter surtos".