Os maiores laboratórios privados de patologia clínica em Portugal começaram a disponibilizar análises para deteção do novo coronavírus e vão agora preparar salas específicas para quem procura este serviço. O objetivo é garantir uma separação de segurança entre estes clientes e os demais utilizadores das infraestruturas.
Com o aumento dos casos positivos de covid-19 em Portugal, os laboratórios prevêem agora um aumento da procura aos testes, sobretudo por empresas do sector privado que querem despistar eventuais infeções entre os funcionários. As análises, normalmente com resultados de um dia para o outro, estão disponíveis em quatro dos maiores laboratórios no país - Germano de Sousa, Joaquim Chaves, Unilabs e Synlab - e custam entre 100 e 200 euros. Um valor semelhante ao que o laboratório público de referência, o Instituto Ricardo Jorge, paga pelos kits importados.
Na rede Joaquim Chaves, as análises para deteção do covid-19 estão a ser realizadas desde o final de janeiro, sobretudo no âmbito da medicina do trabalho, isto é, a pessoas cuja entidade patronal recomendou a realização do teste. Até sábado, tinham sido feitas cerca de 300 análises, todas no domicílio.
O laboratório tem optado pela recolha das amostras para análise em casa do próprio para garantir a necessária contenção da infeção caso a pessoa esteja contaminada. Os responsáveis explicam que o serviço é gratuito, “por estar em causa uma questão de saúde pública”, mas que só tem capacidade até 20 testes diários. Assim sendo, estão agora a pensar em preparar uma unidade isolada só para quem vai submeter-se ao teste.
A mesma opção por circuitos dedicados ao covid-19 está já assegurada nas unidades do grupo Germano de Sousa no Porto e em Lisboa, e em breve em Coimbra e no Algarve. Os testes começaram a ser disponibilizados há poucos dias e apenas para pessoas com sintomas compatíveis da infeção, como febre ou tosse, por exemplo.
“Não vamos fazer testes a pessoas ansiosas, apenas a quem vem indicado pelo médico e já com algum sintoma”, afirma o diretor, Germano de Sousa. O patologista e antigo bastonário da Ordem dos Médicos alerta que as análises não estão indicadas para quem está assintomático.
Toda a evidência científica indica que na ausência de sintomas, o teste não é capaz de detetar a presença do vírus no organismo humano. “Um falso negativo é muito perigoso. Dá uma falsa sensação de segurança a quem o fez, de que não está infetado e, assim, pode continuar a fazer a sua vida com normalidade, quando na realidade estará a propagar o vírus”, alerta o médico.
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