Sociedade

Tomás Correia deixa administração da Mutualista Montepio

Tomás Correia foi alvo de uma coima de €1,25 milhões por parte do Banco de Portugal, a mais alta entre os ex-administradores condenados. Tribunal de Santarém reduziu coima para €375 mil, com suspensão para metade:€187,5 mil. Relação confirma decisão
Tomás Correia foi alvo de uma coima de €1,25 milhões por parte do Banco de Portugal, a mais alta entre os ex-administradores condenados. Tribunal de Santarém reduziu coima para €375 mil, com suspensão para metade:€187,5 mil. Relação confirma decisão
Marcos Borga

Associação Mutualista do grupo Montepio começa este domingo uma nova etapa. O líder de quase duas décadas deixa a presidência este domingo

O histórico presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia deixa o lugar este domingo, 16 anos depois de ter assumido funções. Sai ovacionado por mais de dois mil colaboradores no almoço de natal.

A associação está a perder elementos, até ao final de setembro saíram 27.186, e as novas entradas, 19.260, são insuficientes para inverter o decréscimo da base associativa. Segundo o Programa de Ação para 2020, a votar no final do mês, as contas são outra das questões decisivas e deverão centrar-se nos proveitos e nas imparidades para subsidiárias.

Até setembro, os proveitos das poupanças mutualistas captadas (jóias, quotas e capitais aplicados) “atingiram o montante de 497 milhões de euros – para o que contribuiu a emissão de 31 séries da modalidade Montepio Capital Certo no montante de 309 milhões de euros – estimando-se que, no final do ano, se venha a atingir um valor global de 658 milhões de euros”, refere o Programa. Falta agora saber se os auditores vão obrigar a associação a reavaliar o valor do Banco Montepio nas contas consolidadas e se essa reavaliação obriga ao aumento de imparidades.

Segundo o “Observador”, o conselho de administração da mutualista já analisou a “redefinição” das funções da Fundação Montepio, que Tomás Correia vai continuar a liderar. Segundo o jornal online, uma ampliação do alcance da Fundação passaria pela multiplicação da dotação prestada pela mutualista, atualmente um milhão de euros por ano. A proposta, do antigo presidente-executivo do Finibanco Angola Luís Almeida, não avançou. Mas gerou desconforto.

Nos últimos anos, as relações dentro do grupo Montepio não foram serenas e Tomás Correia sai “cansado”, queixando-se de ter “muitos inimigos”, “falta de apoio do Governo” e de ser perseguido pelos jornais. Em causa está, por exemplo, o facto de a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões ter mostrado reservas a aprovar a idoneidade de Tomás Correia depois de o Governo alterar a lei para permitir ao regulador dos seguros avaliar imediatamente a administração da Associação Mutualista Montepio Geral. Tomás Correia fora acusado, no início do ano, pelo Banco de Portugal de 20 contraordenações por violações da lei bancária entre 2009 e 2014, multando-o em 1,25 milhões de euros por irregularidades apontadas enquanto presidente da Caixa Económica (2008-2015).

Foi conotado como aliado de Ricardo Salgado por o Montepio ter partilhado com o BES algumas operações de financiamento dos mesmos clientes, incluindo o polémico construtor José Guilherme, associado à Maçonaria e tido como protegido do Partido Socialista. Entrou no Montepio em 2004, indicado pelo então presidente José da Silva Lopes, e assumiu a presidência da mutualista quatro anos depois, na sequência da reforma do presidente.

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