Para defender a mãe, que estava a ser agredida pelo companheiro, a filha usou um engenhoso estratagema: ligou para o 911, o número de emergência norte-americano, e pediu uma pizza.
Inicialmente confuso, o operador que atendeu a chamada começou por dizer que a mulher marcara o número errado. Mas, perante a insistência do outro lado da linha – a interlocutora insistia que sim, tinha ligado para o 911 para pedir a entrega de uma pizza ao domicílio, sublinhando o endereço - Tim Teneyck foi perspicaz e rapidamente percebeu o que estava em causa.
“Agora estou a percebê-la”, disse-lhe então, começando a fazer as necessárias perguntas para avaliar a situação e enviar socorro. “O agressor ainda aí está?”, questionou. Do outro lado da linha, as respostas foram surgindo, astuciosas: “Sim, preciso de uma pizza grande”, ou “não, com pimento”, quando Teneyck quis confirmar se era necessário enviar um médico.
Recolhida a informação, o telefonista contactou a polícia pedindo que se dirigissem ao endereço na cidade de Oregon, Ohio, com as sirenes desligadas. Adiantou ainda que o agressor estaria à espera da chegada um entregador de pizza. O homem acabou por ser detido.
Sobre este episódio, Tim Teneyck reconheceu tratar-se de algo inédito e que só resultou graças à sua intuição no momento. “Lês descrições no género no Facebook, mas é um tipo de situação para a qual ninguém recebe formação”, afirmou.
As autoridades alertaram para o facto de a estratégia não ter sucesso garantido, pelo risco de os operadores não perceberem estar perante pedidos de ajuda. Christopher Carver, diretor de operações da Associação Nacional de Números de Emergência nos EUA, referiu à Associated Press que a polícia não é treinada para reconhecer códigos ou cenários específicos.
“Manter qualquer expetativa quanto a frases secretas poderem funcionar com qualquer centro do 911 é potencialmente muito perigoso”, afirmou, recomendando que as pessoas preveligiem o serviço de SMS associado ao 911.
Este foi, apesar disso, um caso com final mais feliz. O agressor, identificado como Simon López, un toxicodependente de 56 anos, ficou preso sob fiança e enfrenta uma acusação pelo delito de violência doméstica.
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