Se Ivo Rosa permanecer fiel ao guião que seguiu nas últimas quatro sessões de interrogatório a José Sócrates, o dia de hoje - previsivelmente o último - vai destinar-se ao capitulo mais difícil para Sócrates: as relações financeiras com o "amigo de mais de 40 anos", Carlos Santos Silva, empresário, gestor do Grupo Lena e um dos acusados da Operação Marquês.
Depois de ter respondido a perguntas sobre a compra pela ex-mulher, Sofia Fava, de um monte no Alentejo que teve como fiador Santos Silva, Sócrates vai ser confrontado com as despesas relacionadas com a estada em Paris, mais especificamente com as obras num apartamento que na versão do ex-primeiro-ministro era de Santos Silva que o emprestava como favor; mas que para o Ministério Público era, na verdade, de Sócrates. E a prova disso são as dezenas de escutas em que aquele discute com Santos Silva e Sofia Fava pormenores como os prazos para as obras ou materiais utilizados.
Sem provas diretas de corrupção, o MP baseia-se nas entregas de dinheiro de Santos Silva a Sócrates como prova de que o empresário era um testa-de-ferro e o fiel guardião dos milhões com origem em atos de corrupção. Se esta tese vingar, será mais fácil para o MP conseguir que Sócrates seja julgado por todos os 31 crimes de que é acusado.
Artigo atualizado às 13h57
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