As campanhas repetem-se, os governos aumentam os preços e há cada vez menos dúvidas de que o açúcar é um dos venenos do século XXI. Esta terça-feira, um estudo publicado na revista especializada “JAMA Internal Medicine” revela uma relação entre o consumo de refrigerantes e mortalidade prematura em dez países europeus.
O ponto de partida da investigação era: “O consumo regular de refrigerantes está associado a um maior risco de mortalidade por todas as causas e por causas específicas?”. A resposta dos investigadores é taxativa: sim.
Quem bebe dois copos de refrigerante por dia, o equivalente a meio litro, corre um risco de morte prematura 17% maior do que aqueles que bebem apenas um copo por mês.
Uma das surpresas deste estudo reside no facto de os refrigerantes light ou zero terem um risco de morte prematura muito mais alta (26%) do que os refrigerantes tradicionais (8%).
Em declarações ao “El País”, a coautora do estudo, Dora Romanguera, diz que é necessário investigar mais: “Observámos a associação [com morte prematura] tanto nas bebidas com açúcar como nas que têm adoçantes artificiais, mas não podemos saber se o consumo de refrigerantes light aumenta a mortalidade prematura. (...) Não podemos descartar que o efeito observado se deva a um factor de confusão. Fazem falta mais investigações”. Romanguera é investigadora na Fundação do Instituto de Investigação Sanitária Illes Balears, em Palma de Maiorca.
O consumo de refrigerantes adocicados artificialmente, diz o artigo científico, foi associado a mortes relacionadas com o sistema circulatório; já os refrigerantes adocicados com açúcar estão associados a doenças do sistema digestivo.
Os autores do estudo sentenciam: “Os resultados deste estudo parecem apoiar as medidas de saúde pública em andamento para reduzir o consumo de refrigerantes”. Há três anos, diz o diário espanhol, a Organização Mundial de Saúde incentivou os países a criarem impostos sobre as bebidas com açúcar, aumentando o seu preço em, pelo menos, 20%, tentando combater assim doenças como obesidade e diabetes.
Ao “El País”, Dora Romanguera defende que não devem ser recomendados produtos light. “A opção mais saudável é beber água."
Entre o primeiro dia de 1992 e o último dia de 2000, 451.743 pessoas foram recrutadas para ser estudada a relação entre o consumo de refrigerantes e certas causas de morte. Os participantes são da Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e Reino Unido
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