A escola que recupera os jovens que ninguém quer
O ensino profissional é uma alternativa para quem quer uma vertente mais prática
O ensino profissional é uma alternativa para quem quer uma vertente mais prática
Jornalista
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Se há estabelecimentos de ensino que têm fama de fazer seleção de alunos para ficar com os melhores e mais motivados, a Escola Profissional de Aveiro (EPA) faz precisamente o contrário. Com 27 turmas de ensino profissional e 12 de cursos de educação e formação — destinados a quem já tem um historial de insucesso e dificuldade em fazer os estudos pelo currículo normal —, a EPA procura e acolhe “todos os alunos que as outras escolas não querem”, garante Paulo Quina, coordenador técnico-pedagógico de um dos maiores estabelecimentos de ensino profissional do país.
“Já recebemos o estudante que agrediu o diretor da escola onde andava, os jovens encaminhados pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e pelos tribunais, os que estão à beira de fazer 18 anos e ainda nem o 9º concluíram, aqueles cujas famílias já não sabem o que fazer”, reforça Jorge Castro, presidente da Associação para a Educação e Valorização da Região de Aveiro, onde se insere o estabelecimento de ensino nascido há 26 anos como escola de comércio: na altura, tinha apenas dois cursos ao final do dia para colmatar as lacunas dos comerciantes do concelho. Hoje conta com 1200 formandos, entre cursos de educação e formação, profissionais, de aprendizagem, formação de adultos e reconhecimento de competências.
Mas não é a dimensão nem a abertura às populações mais difíceis que impedem a Escola Profissional de Aveiro de ter bons resultados. Pelo contrário. Em 2016/17, apresentou uma das taxas mais elevadas de conclusão: 91% dos 215 alunos que entraram em 2014/15 fizeram o curso no tempo previsto, conseguindo assim o 12º ano e uma qualificação profissional reconhecida no mercado de trabalho. E esse valor distingue-se ainda mais quando comparado com a média obtida a nível nacional pelos alunos com perfil semelhante (ver tabela). Apenas a Escola Profissional de Odemira conseguiu uma distância maior, mas conta com um terço dos estudantes.
“Há sempre um testo para cada panela, costuma dizer o povo. E eu acredito que também há um lugar para cada aluno na escola. Temos é de encontrar e dar-lhes as coisas que lhes fazem sentido”, começa por defender Jorge Castro. Se os alunos lá chegam com “competências do 4º ano” não vale a pena atirar com a matéria do 10º, reforça o coordenador técnico-pedagógico. “Não posso dar a escola normal a quem está aqui porque é obrigado a isso. Eles têm de ver algo positivo na escola. Caso contrário chegam aos 18 anos e vão-se embora.”
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