A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) expressou num comunicado emitido esta terça-feira "profunda preocupação com o excesso de restrições impostas aos jornalistas credenciados para a cerimónia de posse do Presidente da República Jair Bolsonaro".
Afirmando que "não há registo de comportamento discricionário semelhante na história recente no país", a ABI diz que o que "se viu em diferentes cenários de Brasília é incompatível com o regime democrático" e que "o respeito à imprensa é um dos principais indicadores das nações que se consideram civilizadas".
Em causa estão as limitações de circulação impostas aos profissionais que acompanharam a posse do novo Presidente e a ausência de condições mínimas de trabalho, como acesso à água e casas de banho, relatadas por vários jornalistas. "Não é aceitável que repórteres e cinegrafistas sejam mantidos durante horas em determinados locais, como se estivessem em cárcere privado, impedidos de se locomoverem, e até de falar com o público" refere o comunicado. Acrescenta ainda que "não se pode confinar a imprensa em alambrados como gado de corte", referindo-se à colocação dos profissionais em espaços cercados por grades e corredores sem janelas.
A ABI diz esperar que "os exageros no trato com os jornalistas sejam creditados à inexperiência da nova criadagem do Palácio do Planalto e dos serviçais que assumiram a segurança periférica do Presidente" e que "a construção da democracia é um exercício diário que exige submissão aos mandamentos da Constituição além de extraordinária capacidade de doação e respeito pelo outro".
O comunicado conclui com o alerta da ABI de que "a partir de hoje, Jair Bolsonaro é o Presidente de todos os brasileiros, mesmo daqueles que não o honraram com o seu voto, nas eleições de outubro" e que "o novo mandatário também precisa ser alertado que a campanha eleitoral terminou".
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CAMartins@expresso.impresa.pt