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Sociedade

Ljubomir Stanisic ao Expresso: “Faz-me feliz matar um javali, dar-lhe festinhas enquanto o sangue lhe cai pelo pescoço”

Tão popular quanto politicamente incorreto, o sérvio, estrela na cozinha e campeão de audiências na TV, parte a louça toda em entrevista de vida que é o tema de capa da Revista do Expresso deste sábado. Nesta edição do Expresso Diário pode ler já uma parte de uma conversa que não irá certamente passar despercebida

João Lima

imagem e edição vídeo

É escusado tentar colar-lhe rótulos. Ljubomir Stanisic, a estrela do programa de televisão “Pesadelo na Cozinha”, é um homem de muitas faces: é um sérvio que nasceu na Bósnia e Herzegovina mas que ainda se sente jugoslavo; é um homem que viveu os horrores da guerra mas que considera isso “um prémio de vida”; é “um rijo de coração mole”, um mulherengo que andou “toda a vida à procura de amor”.

Por estes dias, não lhe faltam razões para sorrir: o programa da TVI bateu recordes de audiência e, este verão, o Bistrô 100 Maneiras ficou em primeiro lugar nos Restaurant Awards da revista “Monocle”. Abriu recentemente dois novos projetos – o vegetariano “Terroir”, no Hotel Six Senses Douro Valley, e um “food club” inspirado no boxe, no Hotel Sublime, na Comporta – e, no próximo mês, vai fechar o “100 Maneiras”, no Bairro Alto, e mudá-lo para outro espaço, na mesma rua, com um conceito diferente. “O meu lugar não é na televisão, é na cozinha”, explica em entrevista de vida a publicar este sábado na revista do Expresso. “Basta olhar para os calos nas minhas mãos. Gosto é de estar com a frigideira na mão, de sentir o fogo.”

Há dois anos ingeriu uma bactéria em São Tomé, perdeu 18 quilos, pensava que tinha os dias contados. Como não conseguia ingerir carne, começou a devorar literatura sobre alimentação saudável. Hoje 60% do que come é vegetariano, mas garante que nunca vai deixar a carne e o peixe. Já experimentou de tudo: ratos, carne de macaco, de tartaruga, de golfinho. Foi chamado “assassino” quando pescou um atum com quase 200 quilos e confessa que poucas coisas lhe dão mais prazer do que “dar uma morte digna aos animais”. “Faz-me feliz tirar as espinhas a uma sardinha, dar um tiro num pombo ou num faisão, matar um javali e ir lá com a faca sangrá-lo, tirar-lhe o sangue todo, fazer-lhe festinhas enquanto o sangue lhe cai pelo pescoço. Deixa-me triste, mas faz-me feliz ao mesmo tempo.”

Tão popular quanto politicamente incorreto, está-se nas tintas para o que possam pensar desta sua afirmação. “Perguntaste-me a mim, não foi a outras pessoas”, sublinha. “Cozinhar é o meu dom. Sou um grande cozinheiro, não há dúvida disso. E seria muito infeliz se não tivesse a oportunidade de fazer outros felizes com o meu dom.”

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: nmarques@expresso.impresa.pt

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