Coabitação artificial: o que se passará se esta nova espécie adquirir as nossas outras características e capacidades?

Guta Moura Guedes reflete sobre as principais questões do design, esta semana num artigo dedicado ao futuro
Guta Moura Guedes reflete sobre as principais questões do design, esta semana num artigo dedicado ao futuro
Guta Moura Guedes
Estamos, enquanto espécie, habituados a partilhar. Enquanto indivíduos também. Dividimos espaço e recursos, de forma natural ou obrigados a isso, desde sempre. Até agora esta coabitação tem acontecido entre elementos da nossa própria espécie e entre a nossa e outras espécies, algumas delas mais recentes, outras que habitam o planeta Terra há muito mais tempo que o ser humano. Mas este século trouxe-nos uma novidade, que nunca em momento algum da história da evolução da Humanidade tinha acontecido: vamos coabitar com o que virá a tornar-se um novo tipo de “ser”, uma forma de “vida” não orgânica — reparemos no paradoxo — que, independentemente da forma física que possa tomar, ou não, será a nossa grande companhia e desafio no futuro. Chama-se Inteligência Artificial e os pais somos nós. Pais criativos, não criadores.
Chamar a IA de nova espécie não será ainda propriamente adequado, mas nos primórdios do seu aparecimento teremos de nos ater à linguagem e às palavras que temos disponíveis. Estamos à beira de revisitar palavras, significados, conceitos e definições, como os do corpo, alma, espírito, emoção, sentimentos, vida, morte. E teremos de admitir formas de hibridismo que vão muito mais longe do que quaisquer manipulações genéticas que possamos fazer entre espécies biológicas.
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