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Da árvore à tablete: a que sabe o chocolate da Amazónia?

Da árvore à tablete: a que sabe o chocolate da Amazónia?

Na Amazónia brasileira cresce um movimento alicerçado em sabores exóticos, a partir de pequenas produções familiares. No Pará, a maior região produtora de cacau do Brasil, ganha força uma indústria em equilíbrio com a identidade local, a natureza e o empoderamento feminino

Enquanto calça as botas caneleiras, Renato Preuss alerta para a presença de serpentes e escorpiões que habitam nos 100 hectares do Sítio de Santa Catarina em Brasil Novo, no Pará. Sob altas temperaturas, elevada humidade e densa vegetação, coabitam volumosos mosquitos que, apesar das várias camadas de repelente, insistem em rondar-nos, curiosos como minúsculos drones. À sombra de árvores de grande porte, dos coloridos cacaueiros, 10 mil plantas, pendem frutos verdes, amarelos ou vermelho-escuros. Guardam um tesouro: amêndoas de cacau que darão origem a um dos alimentos mais apreciados do mundo: o irresistível chocolate. O casal de professores, que chegou em 2000, quando “estava tudo por fazer” — sem luz elétrica, estrada asfaltada ou voz para as mulheres que eram apenas “a esposa de”, conta Verónica —, é um dos 3 mil produtores familiares de Brasil Novo, na região amazónica do Xingu, assim conhecida pelo rio, afluente do Amazonas que banha também os municípios vizinhos de Medicilândia e Altamira, férteis no cultivo do cacau. Com uma produção em ascensão, o Estado do Pará é o maior produtor do Brasil: cultivadas por 32 mil produtores, sobretudo familiares, daqui saem 154 mil toneladas de cacau por ano.

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