
Num país onde o sol brilha, o prazer do ar livre vive-se todo o ano, ainda mais agora que os dias são mais longos. Em relaxamento ou observação, a arte de estar na esplanada é fundamental à sanidade de cada um e da comunidade
Num país onde o sol brilha, o prazer do ar livre vive-se todo o ano, ainda mais agora que os dias são mais longos. Em relaxamento ou observação, a arte de estar na esplanada é fundamental à sanidade de cada um e da comunidade
Nos anos 50 do século XIX, o país começou não só a passear “de cá para lá e de lá para cá, no grande arruamento central”, como descreveu Ramalho Ortigão as promenades das famílias burguesas, mas a deixar-se estar sentado ao ar livre. Aquelas verdadeiras passerelles, onde se observavam novos costumes e as tendências de moda, foram sendo substituídas pelas esplanadas dos cafés que se tornaram pontos de encontro, de descanso, de leitura e debate de ideias. Quase todas as correntes literárias e artísticas tiveram o seu núcleo duro reunido num café. Hábitos que se foram tornando de todos à medida que a sociedade, e o seu espaço público, se foi sofisticando. Num país fechado na ditadura e nos ditames da Igreja, Lisboa era uma cidade muito séria e contida, até ligeiramente cinzenta, recolhida na vida privada e familiar, mas muito organizada e sempre bela. Foi neste contexto, em 1948 — resultado das iniciativas de cooperação do Plano Marshall, que ajudou a Europa a recuperar a dignidade depois dos desastres da Segunda Guerra Mundial —, que nasceram os planos de fomento do Estado Novo, e a indústria floresceu. A siderurgia ganhou importância face à agricultura, que segurava um país ainda muito rural, e industrializaram-se alguns produtos úteis a um novo tempo. O mobiliário e, em especial, a cadeira de esplanada, sinalizavam o momento para aproveitar a vida ao ar livre, como uma espécie de esperança.
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