30 outubro 2022 12:27

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Ainda que o Doce ou Travessura seja mais famoso que o Pão-por-Deus, estudiosos rejeitam a ‘americanização’ do culto dos mortos em Portugal. O Halloween ganhou terreno, mas as tradições locais estão a recuperar
30 outubro 2022 12:27
Não há muito tempo ainda era comum ver grupos de crianças de porta em porta, com sacos de pano do pão, a pedir os Santinhos ou o Pão-por-Deus. Numa aldeia chamada Comenda, escondida no Alto Alentejo, a cantilena que antecedia o peditório resume o porquê das oferendas: “Senhora, dê-me os Santos, por alma dos seus defuntos, que lá estarão na Santa Cruz, para sempre amém Jesus.”
Com as devidas idiossincrasias de região para região, a prática repetia-se por todo o país. O peditório era uma das tradições que se cumpriam no Dia de Todos os Santos, que antecede o dos Finados, a 1 e 2 de novembro, respetivamente, de origem católica e celebrado em homenagem aos santos e mártires. Mas o costume foi perdendo força. Poucos o conhecem e menos ainda o praticam. Primeiro desapareceu das cidades e logo se tornou raro nas aldeias. Talvez também porque nas aldeias escasseiam as crianças, que são as que têm direito a tocar às campainhas para pedir. Mas se o Pão-por-Deus perdeu relevância, houve outro ritual que a ganhou: o Halloween.