Se há exercício que nos diferencia, enquanto seres humanos, das demais formas de vida, é a capacidade de fazer perguntas, por mais estúpidas que sejam. Philomena Cunk, apresentadora de documentários falsos (mockumentaries) que se tornou um fenómeno televisivo em 2023 graças ao especial “Cunk on Earth” (Netflix), faz muitas perguntas. E muito parvas, com ar de quem diz a coisa mais séria do mundo à procura de esclarecer os telespectadores. Fá-las a especialistas, de cientistas a filósofos, passando por professores académicos e investigadores, que aceitam sentar-se a falar com ela. Tudo para descobrir mais sobre a nossa existência, bem ao jeito de qualquer documentário da BBC, que volta a ser sua parceira de produção (neste caso, a BBC Two). Nos últimos dias de 2024, eis que regressou ao ativo com “Cunk on Life”, para ir atrás de Deus, dos computadores, dos átomos, dos grandes artistas ou do niilismo. Afinal, para descobrir mais sobre como viemos cá parar e para onde vamos após morrer. Se é que vamos. Se é que cá estamos. Confuso? Faz parte. Em pouco mais de uma hora, o formato volta a resultar, numa altura em que é mais certo que muito do que Philomena Cunk diz e defende pode estar plasmado numa qualquer publicação de rede social como fonte fidedigna de informação. E é um regresso mais cáustico. A aparente aselhice de Cunk permite-lhe desafiar os limites do bom senso sem ser cancelada nas redes sociais.
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