Não tem sido um ano feliz para a RTP: na ficção — enfoque nas séries — houve dificuldade em vislumbrar quem se destacasse. Sem ser, claro, “Matilha”, spin-off de “Sul”, que no início do ano deu esperança, ao versar sobre um marginal lisboeta com bom coração mas propensão para a asneira. Nesta avaliação, não é necessário olhar para audiências (que, segundo a RTP, estão garantidas), nem sequer para a capacidade técnica de escrita ou dos atores portugueses, porque, com a subida dos orçamentos em certas produções, graças a financiamentos públicos como o Cash Rebate, o salto qualitativo é inegável. No que diz respeito ao serviço público, além de “Matilha”, podemos falar de “Sempre”, de Manuel Pureza, ou dos telefilmes estreados na RTP1, que apontam para um caminho mais sólido do género nacional de época. O problema é que se partiu de um lugar com poucas expectativas. Não se sabe se o realizador Ivo M. Ferreira vive preocupado com o facto de Portugal continuar a correr atrás de tantos outros países no campeonato da televisão, mas a verdade é que a série que assina, “O Americano”, produzida pela APM — Actions Per Minute, e que se estreou esta semana na RTP1, tem o selo de qualidade de que o país precisa. Uma boa história exportável, filmada à western e que faz aquilo que “Rabo de Peixe” não conseguiu por completo na primeira temporada: não parece uma cópia.
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