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Televisão

500 horas de vídeo por minuto ou o poder absurdo da máquina que trazemos no bolso

O ser humano, enquanto ser curioso e dependente, pouco ou nada mudou. O que muda são as classes. A tecnologia. As culturas. Os likes
O ser humano, enquanto ser curioso e dependente, pouco ou nada mudou. O que muda são as classes. A tecnologia. As culturas. Os likes
D.R.

Vídeos de bebés a nascer, streaming de pessoas a dormir, selfies em arranha-céus. Tudo está filmado. O documentário “Máquina Fantástica” é um olhar ácido sobre a tragédia de estarmos tão dependentes do que queremos projetar nos outros. Em streaming e também em sala

Em 1961, o Presidente da Irlanda, Éamon de Valera, anunciava, a preto e branco, o lançamento de um novo serviço de televisão. Sereno, sentado à secretária, desejava que os irlandeses pudessem receber mais e melhor informação, mas também momentos de recriação. Contudo, deixava um aviso: “Quando penso na rádio, na televisão e no seu imenso poder, tenho receio. Tal como a energia atómica, a televisão pode ser usada para o bem, mas também pode causar danos irreparáveis.” A lucidez para quem nunca, em tempo algum, tinha tido contacto com aquela ferramenta que revolucionou a Humanidade não surtiu efeito. Anos e anos depois, já sem qualquer lembrança de que foi graças a um inventor francês, Joseph Nicéphore Niépce, ter conseguido captar a primeira fotografia em 1828 que hoje podemos guardar todos os instantes da nossa vida, o ser humano tornou-se prisioneiro da imagem. “Máquina Fantástica”, produzido pelo realizador Ruben Ostlund (“Triângulo da Tristeza”) e realizado por Axel Danielson e Maximilien Van Aertryck, olha para a história, a política, o quotidiano e o absurdo filtrado por milhões de lentes das quais não nos conseguimos descolar.

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