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Teatro: “Tudo Sobre a Minha Mãe” ou tudo sobre a verdade?

Se existe um final feliz, ele decorre desta espécie de justiça afetiva que, nos piores momentos, nunca se ausenta da vida das personagens
Se existe um final feliz, ele decorre desta espécie de justiça afetiva que, nos piores momentos, nunca se ausenta da vida das personagens
Estelle Valente

“Tudo Sobre a Minha Mãe”, peça de teatro inspirada no filme de Almodóvar, recria a ideia de família e de estrutura familiar a partir de uma rede de afetos e de verdade. No Teatro São Luiz, até dia 22

Tudo Sobre a Minha Mãe” é um filme de Pedro Almodóvar que foi estreado em 1999, com grande êxito de crítica e de bilheteira. No final existe uma dedicatória do realizador: a Bette Davis, a Gena Rowlands e a Romy Schneider. E ainda, de maneira mais extensa, “a todas as atrizes que fizeram de atrizes, a todas as mulheres que atuam, aos homens que atuam e que se convertem em mulheres, a todas as pessoas que querem ser mães. À minha mãe”. Em 2007 foi estreada, em Londres, a peça de teatro “Tudo Sobre a Minha Mãe”, de Samuel Adamson. Com o mesmo título do filme, é também uma recriação dramática do mesmo. Do ponto de vista das personagens e dos conteúdos, a peça é fiel ao filme. O que se altera é, algo previsivelmente, a estratégia narrativa, que decorre da especificidade de cada médium: ao cinema o que é do cinema, ao teatro o que é do teatro.

É, aliás, um aspeto salientado por Daniel Gorjão, o encenador. Se o seu apreço pelo filme de Almodóvar está fora de questão, não foi o filme que ditou a sua leitura da peça e a sua encenação. Ao teatro pertence um registo próprio, na maneira de contar, no tipo de representação, no trabalho das e dos artistas que integram o espetáculo. A cenografia, por exemplo, é nesta versão muito depurada, até nas cores utilizadas, cujas manchas mais berrantes estão, essencialmente, nos figurinos: coloridos, exuberantes, quase como se “saídos de uma passadeira vermelha”. No cerne da narrativa estão Manuela e o seu filho Esteban. Ela é enfermeira, ele quer ser escritor e vai fazer 17 anos. Vão ao teatro ver a grande atriz Huma Rojo em “Um Elétrico Chamado Desejo”, de Tennessee Williams; é o presente de aniversário de Manuela a Esteban. No fim, ele quer um autógrafo, e quando tenta falar com a atriz, que se mete num carro, sem falar com ele e sem lhe dar o autógrafo, é atropelado e morre.

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