Exclusivo

Música

Música: Salomé, a princesa da ópera, brilha em Londres

Asmik Grigorian, uma voz feita de aço e prata com laivos de seda macia
Asmik Grigorian, uma voz feita de aço e prata com laivos de seda macia
Andy Paradise

No Barbican, em Londres, a consagração de Asmik Grigorian como a maior cantora da atualidade

A “Salome” (Dresden, 1905) de Richard Strauss, baseada na peça de Oscar Wilde, é uma ópera perfeita. Se o texto (1896) — escrito em francês, com as suas metáforas poéticas e refrãos condutores — é melodioso, a música ouve-se como um longo poema sinfónico. O próprio Wilde vira a sua obra como uma balada a pedir música; Strauss admitiu que começara a compor a ópera (na sua mente) enquanto assistia à peça em Berlim, em 1902. Caso raro na história da ópera: o compositor dispensou libretistas e encarregou-se de editar a tradução de Hedwig Lachmann. O resultado é um indissociável todo orgânico, onde o texto canta e a música fala. Proibida em Viena pelo tema escabroso (e religioso), a estreia austríaca ocorreu (1906) em Graz, sob a direção de Strauss. Mahler, Schönberg, Zemlinsky, Berg, Puccini (mas também a viúva de Johannn Strauss II, e um adolescente de 17 anos chamado Adolf Hitler) rumaram a Graz para ouvir a música do futuro (da bitonalidade à dissonância).

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate