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Música: “E Depois do Adeus”, o esplêndido final de temporada da Casa da Música

“E Depois do Adeus” foi mais um caso de programação inteligente de António Jorge Pacheco
“E Depois do Adeus” foi mais um caso de programação inteligente de António Jorge Pacheco
Rui Oliveira/Casa da Música

“E Depois do Adeus” marcou a despedida de António Jorge Pacheco da Casa da Música após 15 anos de trabalho. No passado dia 13, o crítico do Expresso Jorge Calado ouviu Haydn e Bruckner e deixa um elogio ao trabalho feito pelo diretor artístico da instituição

Na Casa da Música (CM), fim de ano é fim de temporada. Este concerto, “E Depois do Adeus” era um must, pois marcava a despedida de António Jorge Pacheco, diretor artístico da instituição, após 15 anos de trabalho (embora a sua associação à Casa e à causa remonte a 2001). Neste século, a sua ação foi o que houve de mais notável na música em Portugal. Não só encomendou 260 obras a 121 compositores (entre os quais Harrison Birtwistle, Unsuk Chin, Peter Eötvös, Magnus Lindberg, Wolfgang Rihm, Kaija Saariaho e 56 portugueses) como formou um público atento, capaz de as ouvir e aceitar. Multiplicou as forças musicais associadas à CM — além da Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música (OSPCM), uma Orquestra Barroca, Coros Adulto e Infantil, mais a pérola do conjunto, o Remix Ensemble (vocacionado para a música contemporânea). E meteu várias lanças em África, levando OSPCM e demais formações da CM aos maiores centros musicais europeus: Madrid, Barcelona, Paris, Luxemburgo, Londres, Amesterdão, Colónia, Dresden, Hamburgo, Viena, etc. Ainda em setembro passado, a OSPCM triunfou em Munique, a convite da Musica Viva da Bayerischen Rundfunks no âmbito do concerto anual da Ernst von Siemens Music Foundation, tocando obras dificílimas de Emmanuel Nunes e Helmut Lachenmann! Nas palavras do diretor artístico: “Com todos os meus defeitos, acho que sempre consegui manter dois princípios: nem me deixar deslumbrar nem intimidar.” Sim, há gente excecional na cultura, em Portugal; os conselhos de administração, com membros que não sabem nem gostam, e a mania da agência de empregos para os rapazes e raparigas das suas seitas é que, por vezes, estragam tudo. Trata-se do chamado ‘problema português’ definido há um século pelo historiador e pedagogo Augusto Reis Machado. Servir-se não é o mesmo que servir...

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