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Robert Redford (1936-2025): “Gosto tanto do meu país que até me permito criticá-lo”

Robert Redford (1936-2025): “Gosto tanto do meu país que até me permito criticá-lo”
Stephane Cardinale - Corbis/Getty

Em abril de 2013, Robert Redford deu uma entrevista ao Expresso, no Festival de Veneza. À conversa com o crítico de cinema Jorge Leitão Ramos, o ator e realizador que morreu esta terça-feira, dia 16, falou da sua relação com os Estados Unidos e analisou a sua evolução como pessoa: “Provavelmente tornei-me mais afetuoso, mais nostálgico”

Robert Redford (1936-2025): “Gosto tanto do meu país que até me permito criticá-lo”

Jorge Leitão Ramos

Crítico de Cinema



Entrevista publicada originalmente a 13 de abril de 2013

Aos 76 anos, o rosto claro, o cabelo palha, a pele, vista ao pé, em pergaminho, Redford é um cineasta sereno, a assinar filmes perturbantes onde ecoa a atualidade da América

Robert Redford é quase uma lenda. Começou jovem como ator de televisão, na primeira metade dos anos 60, até que, em 1965, Robert Mulligan lhe deu um papel de relevo em "O Estranho Mundo de Daisy Clover", que lhe valeu o Globo de Ouro para a Melhor Revelação Masculina e o pôs no mapa. Era um galã loiro e bonito e tornou-se a coqueluche de Hollywood. Em 1973, com Barbra Streisand, formou o par romântico de "O Nosso Amor de Ontem", um colossal sucesso. Nesse mesmo ano, foi um dos protagonistas de "A Golpada", nomeado para o Óscar, que não ganhou. Como ator, nunca ganhará a estatueta.

Por esses anos, começou a conquistar fama de liberal, que algumas intervenções cívicas e os papéis de "Os Três Dias do Condor" (1975) ou "Os Homens do Presidente" (1976) cimentaram. Em 1980, passou para o outro lado da câmara e encetou uma carreira de realizador com um drama de cortar o coração, "Gente Vulgar", um êxito de bilheteira que a Academia crismou como o Melhor Filme do Ano e que deu a Redford o Óscar de Melhor Realização. De 1985, apenas como ator, foi o estelar "África Minha".

Envolvido na promoção do cinema independente desde a década de 70, Robert Redford viria a fundar o Festival de Sundance, um polo internacional que, juntamente com o Sundance Institute, tornaria possível a muitos jovens realizadores desenvolver projetos e ganhar visibilidade. Mas é como testemunha da realidade americana, nos seus valores mais fundos, que a obra de Redford nos interessa. Embora o público não tenha dado sempre os seus favores aos filmes, obras como "Quiz Show" (1994), "Peões em Jogo" (2007) ou "A Conspiradora" (2010) são parte essencial de uma cinematografia que continua a encontrar espaço para interrogar a realidade americana.

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