Entrevista publicada originalmente a 13 de abril de 2013
Aos 76 anos, o rosto claro, o cabelo palha, a pele, vista ao pé, em pergaminho, Redford é um cineasta sereno, a assinar filmes perturbantes onde ecoa a atualidade da América
Robert Redford é quase uma lenda. Começou jovem como ator de televisão, na primeira metade dos anos 60, até que, em 1965, Robert Mulligan lhe deu um papel de relevo em "O Estranho Mundo de Daisy Clover", que lhe valeu o Globo de Ouro para a Melhor Revelação Masculina e o pôs no mapa. Era um galã loiro e bonito e tornou-se a coqueluche de Hollywood. Em 1973, com Barbra Streisand, formou o par romântico de "O Nosso Amor de Ontem", um colossal sucesso. Nesse mesmo ano, foi um dos protagonistas de "A Golpada", nomeado para o Óscar, que não ganhou. Como ator, nunca ganhará a estatueta.
Por esses anos, começou a conquistar fama de liberal, que algumas intervenções cívicas e os papéis de "Os Três Dias do Condor" (1975) ou "Os Homens do Presidente" (1976) cimentaram. Em 1980, passou para o outro lado da câmara e encetou uma carreira de realizador com um drama de cortar o coração, "Gente Vulgar", um êxito de bilheteira que a Academia crismou como o Melhor Filme do Ano e que deu a Redford o Óscar de Melhor Realização. De 1985, apenas como ator, foi o estelar "África Minha".
Envolvido na promoção do cinema independente desde a década de 70, Robert Redford viria a fundar o Festival de Sundance, um polo internacional que, juntamente com o Sundance Institute, tornaria possível a muitos jovens realizadores desenvolver projetos e ganhar visibilidade. Mas é como testemunha da realidade americana, nos seus valores mais fundos, que a obra de Redford nos interessa. Embora o público não tenha dado sempre os seus favores aos filmes, obras como "Quiz Show" (1994), "Peões em Jogo" (2007) ou "A Conspiradora" (2010) são parte essencial de uma cinematografia que continua a encontrar espaço para interrogar a realidade americana.
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