A cineasta norte-americana Laura Poitras (n. Boston, 1964) já tinha desafiado o Estado norte-americano em “Citizenfour” (2014), em torno de Edward Snowden, no filme que a lançou para a linha da frente e até lhe deu um Óscar. Dois anos depois documentou em “Risk” a sofredora clausura de Julien Assange no caso da WikiLeaks sem colher os mesmos resultados, nem sequer a aprovação do próprio Assange. Foi pois sem surpresa que esta tão vincada veia política do trabalho de Poitras despertou a atenção do coletivo PAIN (“Prescription Addiction Intervention Now”), fundado pela fotógrafa Nan Goldin em 2017.
Movida pelos mais elementares princípios de justiça, esta associação tentou nestes últimos anos responsabilizar e levar aos tribunais a família Sackler, os ex-donos da Purdue Pharma, empresa farmacêutica que comercializou (e banalizou criminosamente) o terrível oxycontin, por cá tratado de oxicodona. Este opioide mais forte que a morfina, e que ficou conhecido como a “heroína dos pobres”, causou uma catástrofe sanitária de proporções gigantescas nos Estados Unidos que ainda hoje ensombra o país. Apresentado como analgésico para dores crónicas por publicidade enganosa, a oxicodona viciou milhões de americanos e levou à morte por overdose de pelo menos 400.000 pessoas desde o ano 2000.
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