Com 94 anos, ele não atira a toalha ao chão e continua a fazer filmes. O mais recente — “Juror #2”, o seu opus 40 — estreia-se esta sexta-feira, diretamente no streaming, na Max. A Warner decidiu que em Portugal não haveria exploração em sala. Parece não acreditar que valha o esforço. Na aparência é mais uma história de tribunal, com o condimento particular de o protagonista, jurado num julgamento de homicídio, ser responsável pelos eventos de que o réu é acusado. E está-se mesmo a ver que o réu é o culpado. Se o filme fosse apenas de tribunal, com os interrogatórios cruzados, as alegações dos advogados em presença e os debates no interior do júri, seria tão-só uma peça mediana num género em que já vimos bastas obras com diverso vigor. Só que aquilo que está sob o olhar de Clint Eastwood é mais vasto: “Juror #2” propõe uma reflexão sobre o sistema judicial americano (“falível, mas é o melhor que temos”, considera, às tantas, um personagem) e, num gesto mais fino e mais firme, sobre a responsabilidade individual de cada um dos seus intervenientes.
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