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Grande entrevista à dupla Marques Almeida: “Os 10 minutos do desfile nem são o mais incrível”

Grande entrevista à dupla Marques Almeida: “Os 10 minutos do desfile nem são o mais incrível”
FREDERICO MARTINS

Um casal, uma dupla de designers, uma marca — Marques Almeida. Estão em mais de uma centena de pontos de venda e em plataformas de referência, como a Net-a-Porter, a Farfetch, a MatchesFashion... Marta Marques e Paulo Almeida são ma lufada de ar fresco na moda da última década

Patrícia Barnabé

A

energia dos bastidores espalha-se pelos corredores arejados do último andar do Silo Auto, o parque de estacionamento que é uma referência da arquitetura brutalista do Porto, assinado por Alberto José Pessoa e Abel Manta. Os charriots estão carregados e coloridos, e todos são convidados a entrar na grande azáfama de maquilhadores e cabeleireiros, modelos e assistentes, um recreio de moda que culmina no desfile para a primavera de 2023, delicioso como um frasco de guloseimas coloridas, enérgico como uma pista de dança. Os desfiles Marques Almeida são palpitantes, neles cabem todas as identidades, a roupa é imediatista e informal, mesmo quando é mais couture, tem um otimismo juvenil desconcertante. Marta Marques e Paulo Almeida estudaram moda no Citex, onde se conheceram e começaram a namorar. Fizeram o mestrado na Central Saint Martins, onde estudaram McQueen e Galliano, Phoebe Philo, Stella McCartney, e até PJ Harvey. Marta estagiou com Vivienne Westwood, Paulo na Preen, e apresentaram-se juntos no famoso desfile de final de curso no calendário oficial da semana de moda de Londres. Cedo se percebeu que se ela é a maria-rapaz que adora sports­wear e peças descomplexadas, a energia do conceito e da comunicação, ele é minúcia e técnica, focado no design, no fabrico e na construção das peças sobre o corpo feminino. Lançaram a Marques Almeida, em 2011, e aterraram com estrondo no codificado e elitista universo da moda, com peças desconstruídas, muitos jeans, crus e desfiados, t-shirts gigantes, um patchwork de texturas e referências, acessórios mirabolantes — e convidaram os amigos a desfilar. Londres abriu-lhes os braços, Beyoncé e Solange Knowles, Rihanna, FKA Twigs ou Sarah Jessica Parker espalharam o fenómeno e as marcas de fast fashion copiaram-nos ou convidaram-nos a desenhar, como fez a gigante Topshop, em 2014. Nesse ano foram o Talento Emergente na Moda Feminina dos British Fashion Awards, um ano depois arrebataram o cobiçado Prémio LVMH para Jovens Designers de Moda, que os lançou para o espaço. Hoje estão em mais de 100 pontos de venda e em plataformas de referência, como a Net-a-Porter, a Farfetch ou a MatchesFashion, e são do mais refrescante na moda da última década, a mesma que desafiam como sistema mas abraçam criativamente de forma inspiradora, desobediente e incrivelmente sexy. Conversa numa esplanada em Lisboa, um dia depois do desfile no Porto.

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