Foi o último de quem falou mas Luís Marques Mendes não tem qualquer dúvida de que “Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem em todos os debates, em particular com André Ventura e com Ana Gomes”. No seu comentário de domingo à noite na SIC, Marques Mendes comparou Marcelo a Macron, na forma como “foi ao campo de Ventura e o derrotou”.
Já em relação ao líder do Chega, que avaliou em penúltimo lugar (numa ordem invertida que o colocaria em segundo nas intenções de voto), o comentador disse que “perdeu face às expectativas”, já que “não foi capaz de mostrar um pensamento estruturado ou uma ideia sólida”. Crente de que o deputado da extrema-direita “vá ter um bom resultado no seu nicho de mercado”, também sublinhou que isso se deve ao “fazer-se de vítima”.
Apesar de considerar que “Ana Gomes esteve sempre a bom nível” nos debates, o comentador apontou três “erros”: o ter atacado Marcelo ao falar da amizade a Ricardo Salgado; a tentativa de ilegalizar o Chega, e a ideia de comparar António Costa ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban.
Na avaliação sumária dos outros candidatos, Marques Mendes considera Tiago Mayan Gonçalves “uma boa surpresa” com “três qualidades: frontalidade, pensamento estruturado e potencial de crescimento”. Já Marisa Matias, de quem diz gostar muito, “foi uma desilusão”. Descreveu João Ferreira como o candidato “que cumpre os objetivos de fidelizar os eleitores do PCP”; e Vitorino Silva como “um homem espontâneo e genuíno”.
Mostrou-se também certo de que “vai haver eleições presidenciais” a 24 de janeiro, independentemente da situação pandémica. Marques Mendes rejeitou adiamentos, “porque ninguém garante que se se adiasse uma ou duas semanas a situação estivesse melhor” e porque um adiamento mais longo “precisa de uma revisão constitucional”.
A comunicação deste domingo do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita— que disse que “a pandemia não suspende a democracia” e que apresentou o que muda nas próximas eleições, com o alargamento do voto antecipado e a necessidade de cada um levar a sua caneta para votar —,também foi elogiada pelo comentador no telejornal da SIC. “Esteve bem”, afirmou, referindo-se a Cabrita.
Já em relação ao caso que envolve a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, e a nomeação do procurador europeu José Guerra, “a procissão ainda vai no adro”, avisou. Para Marques Mendes, “este assunto merecia uma comissão de inquérito parlamentar, mas António Costa teve a sorte de nenhum partido o ter pedido”. Ao dizer que “pensou em pôr o lugar à disposição, a ministra esteve mal”, considerou o comentador, uma vez que em seu entender “é um assumir de culpa”.
“Vamos ter um confinamento geral e não há alternativa”
Segundo Marques Mendes “vamos ter um confinamento geral e não há alternativa”, lembrando que este, como tem sido já anunciado, deverá durar pelo menos um mês e será semelhante ao confinamento de março de 2020, excetuando a possibilidade de as escolas e os dentistas continuarem abertos. Mais pormenores são conhecidos quarta-feira após a reunião do Conselho de Ministros, mas lamentou que decisão não tenha já sido tomada, “porque em cada semana que passa a situação só piora”.
O comentador também criticou “algum facilitismo e relaxamento por causa da vacinação” por parte das pessoas e considerou que “estamos a pagar essa leviandade”. Porém, apresentou um balanço positivo do processo de vacinação, apesar de “lento”.
De acordo com os números apresentados por Marques Mendes, apenas 74.099 pessoas já tomaram a primeira dose da vacina e devem ser ministradas oito mil doses da Moderna na próxima semana e 399 mil doses da da Pfizer até final de janeiro. Nas suas contas devem chegar 1,2 milhões de vacinas até ao final de março para inocular 600 mil pessoas em Portugal. E quando a da Astrazeneca for aprovada, surgirão mais 1,4 milhões de doses.
“As pessoas têm de ter calma”, apelou aos portugueses, aproveitando também para sugerir ao Governo que “dê semanalmente mais informação ao país sobre o processo de vacinação”.
O último comentário, já sem tempo, foi para a invasão do Capitólio na quarta-feira. Afirmando que “sempre” descreveu Trump “como um louco”, Marques Mendes disse que “não há condições para impeachment”, mas que “a Justiça americana deverá levá-lo a tribunal”. Contudo, vaticinou: “Politicamente Trump ficou morto e enterrado” e “Biden tem capacidade para fazer um grande mandato”.