9 março 2023 23:45

Presidente da República guardou silêncio durante seis dias e só esta quinta-feira comentou a posição dos bispos
antónio pedro santos/lusa
Presidente da República muito crítico da reação de D. José Ornelas aos abusos na Igreja, diz ser “óbvio” que padres suspeitos devem ser afastados. Partidos consideram que ainda “é o momento da Igreja”, mas pressionam e chamam bispos ao Parlamento
9 março 2023 23:45
“Eu nem falo como católico. Eu evito falar como católico. Eu como católico seria mais contundente”, afirmou o Presidente da República, após classificar de “desilusão” a forma como a Igreja reagiu às conclusões da Comissão Independente que investigou os abusos de menores na Igreja Portuguesa. Na entrevista que deu quinta-feira ao “Público” e à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa foi duro com a Igreja e, sem deixar de salientar que “alguns que perceberam” dentro da instituição o que está em causa e deve ser feito, considerou a conferência de imprensa do bispo D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal (CEP), “uma desilusão”.
Como chefe de Estado, Marcelo afirmou que a sua expectativa “era simples”. “Era tão simples. Era ser rápido, assumir a responsabilidade, tomar medidas preventivas e aceitar a reparação.” De repente, concluiu o Presidente, “é tudo ao contrário, em termos gerais, ou cada um para seu lado”. Já que não tiveram uma resposta rápida, Marcelo sublinha que nem se percebe porque perderam tanto tempo: “Eu pergunto: vinte dias de reflexão não chegaram?”
Para o Presidente nem se perceber a “hesitação” em agir e “é óbvio” que os padres suspeitos de abusos sexuais de menores devem ser suspensos preventivamente do desempenho público do seu ministérios.
“A Conferência Episcopal passou ao lado destes problemas todos e isso a mim, como Presidente da República, preocupa-me porque a Igreja é uma instituição fundamental na sociedade portuguesa, na educação, na saúde, na unidade social. Faz falta ao país. E se de repente sofre na sua confiabilidade, na sua credibilidade, numa questão tão básica, isso depois repercute-se na vida dos portugueses”, lamentou Marcelo.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.