Ventura confessa-se “chocado” com notícia de afastamento do seu orientador espiritual por denúncia de abuso
TIAGO MIRANDA
Em conferência de imprensa, o presidente do Chega também falou de um “grande evento” que juntará em Lisboa partidos e movimentos da extrema-direita e que já terá líderes europeus confirmados – mas André Ventura não revela quais. Trump e Bolsonaro também foram convidados para o evento, que pretende ser uma alternativa europeia à reunião anual dos conservadores americanos
André Ventura confessou-se “chocado” com a notícia do afastamento do seu orientador espiritual por denúncia de abuso. Questionado pelos jornalistas em conferência de imprensa, esta quinta-feira, na sede nacional do Chega, em Lisboa, o líder do partido sublinhou: “Mas isso em nada muda a minha posição. A justiça tem de ser aplicada a todos, seja quem seja”. E insistiu: “a notícia choca-me e abala-me profundamente”, apelando a “que se apurem os factos até ao fim, sem interferências”. O líder do Chega disse que ainda não falou com o padre e que teve conhecimento do caso “ontem, como toda a gente”. “Nunca assisti a qualquer ato menos próprio ou suspeito, muito menos do padre Mário”, garantiu.
O padre Mário Rui Pedras, confessor de Ventura, divulgou na quarta-feira um comunicado aos paroquianos da Igreja de São Nicolau, em Lisboa, revelando que o seu nome constava da lista de suspeitos de abusos sexuais. O sacerdote falou em “imputações totalmente falsas e caluniosas”, que partem de uma denúncia anónima que classificou como “cobarde”, e prometeu tudo fazer para restabelecer a sua “honra”.
A conferência de imprensa tinha sido marcada antes da notícia sobre o confessor de Ventura, servindo para confirmar que o Chega está a organizar “um evento de grande dimensão” para maio em Lisboa. Segundo o líder do partido, Jair Bolsonaro e Donald Trump foram convidados, mas os antigos Presidentes brasileiro e americano ainda não confirmaram a sua presença num evento que pretende ser “um polo alternativo, em solo europeu, à conferência conservadora” que ocorre todos os anos nos EUA.
Ventura revelou que também foram convidados “vários líderes europeus”, tendo alguns deles confirmado já a sua presença, mas sem anunciar quais. O “Correio da Manhã” dava esta semana como certas as presenças de Bolsonaro e da sua mulher, Michelle, adiantando que a francesa Marine Le Pen (líder do Reagrupamento Nacional, ex-Frente Nacional), o espanhol Santiago Abascal (líder do Vox) e o holandês Geert Wilders (líder do Partido para a Liberdade) também tinham sido convidados.
O presidente do Chega afirmou apenas que o partido tem “lutado para que seja Lisboa – e não outra capital europeia – a anfitriã” de um evento que pretende “federar líderes da direita europeia e americana” e promover “alianças de articulação na luta contra o socialismo”. Quanto ao resto, Ventura disse que a data e o local concretos ainda não estão definidos.
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