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Carlos Moedas responde a Marcelo: "Eu fui emigrante, sou casado com uma imigrante, não aceito lições de ninguém nesta matéria"

Carlos Moedas responde a Marcelo: "Eu fui emigrante, sou casado com uma imigrante, não aceito lições de ninguém nesta matéria"
TIAGO PETINGA

Moedas defendeu na semana passada que só possam entrar em Portugal imigrantes com contrato de trabalho e o líder do PSD, Luís Montenegro, que Portugal deve “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses. Presidente da República aconselhou os dirigentes sociais-democratas a não irem atrás da “emoção” e da tentação de “captar votos” e do populismo

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), afirmou hoje que não aceita lições "de ninguém" sobre emigração e imigração, realçando a experiência pessoal nesta matéria, e reiterou que Portugal precisa de uma política de imigração digna.

"Eu fui emigrante, sou casado com uma imigrante, o meu sogro é marroquino, a minha sogra é tunisina, por isso, há algo que gostaria de deixar muito claro: não aceito lições de ninguém nesta matéria, de ninguém", declarou Carlos Moedas, na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.

É uma resposta direta às críticas de Marcelo Rebelo de Sousa, que esta terça-feira comentou as declarações do presidente da autarquia e do líder do PSD, Luís Montenegro sobre imigração, pedindo implicitamente que o partido se demarque do Chega: “A cópia perde sempre com o original”, disse, pedindo aos dirigentes sociais-democratas que não vão atrás da “emoção” e da tentação de “captar votos e ser mais populista”.

Moedas defendeu na semana passada que só possam entrar em Portugal imigrantes com contrato de trabalho e Montenegro que Portugal deve “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses. E rematou: “Um país com emigrantes espalhados pelo mundo não pode ter dois pesos e duas medidas".

Moedas conhece “a emigração e a imigração na primeira pessoa”

Na apresentação da atividade do executivo municipal nos últimos três meses, entre novembro e janeiro, Carlos Moedas disse que Portugal "precisa de imigrantes", começando por deixar "uma palavra muito sentida, muito profunda, de pesar pelo trágico falecimento de duas pessoas" num incêndio num prédio no bairro da Mouraria, na freguesia de Santa Maria Maior, que ocorreu em 04 de fevereiro.

"Apesar de a investigação ainda estar a decorrer, sabemos, infelizmente, que estes dramas acontecem e têm acontecido na nossa cidade. Todos nos lembramos de vários destes tipos de dramas e ainda bem que nos lembramos, [...] porque temos de mudar as coisas. Lembro-me, perfeitamente, ainda em julho de 2021, também na Rua Morais Soares, quando duas pessoas perderam a vida", indicou Carlos Moedas.

O presidente da câmara reforçou que conhece "a emigração e a imigração na primeira pessoa, como poucos em Portugal", e defendeu que "o país precisa de uma política de imigração digna".

"Aquilo que nós temos em Portugal hoje não é digno e é isso por aquilo que irei lutar. Irei lutar exatamente como político por essa dignidade da nossa imigração, exatamente porque conheço, exatamente porque quero que isso mude e porque é um desafio para todos", declarou.

Nesse âmbito, o autarca pediu aos vereadores da Habitação, Filipa Roseta (PSD), dos Direitos Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), e da Proteção Civil, Ângelo Pereira (PSD), "que reunissem o mais rápido possível com o SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras]", para se trabalhar em conjunto, para se encontrarem "soluções entre todos"

Carlos Moedas deixou, ainda, um apelo a todos os presidentes de juntas de freguesia para colaborarem na resposta necessária, uma vez que estes autarcas "são essenciais no papel que têm de proximidade junto de todas estas comunidades".

O social-democrata frisou que as comunidades de imigrantes "são bem-vindas, são lisboetas" e que o município lutará "por elas, mas com dignidade".

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