Política

Marcelo pede "bom senso" a Montenegro e Moedas e alerta sobre proximidade com o Chega: "A cópia perde sempre com o original"

Marcelo faz na rua o que Soares fez à mesa: campanha contra “uma maioria morta”
Marcelo faz na rua o que Soares fez à mesa: campanha contra “uma maioria morta”
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

“Declarações muito emocionais feitas em cima de casos correm o risco de ser irracionais”, alertou o Presidente comentando as afirmações de Carlos Moedas e Luís Montenegro sobre imigração. Presidente comentou saída de Catarina Martins dizendo que as mudanças são naturais em democracia

Novo dia de Músicos em Belém, nova sucessão de declarações do Presidente da República sobre vários assuntos de atualidade: sobre os abusos, sobre o PRR, seobre a saída de Catarina Martins da lidernºa do Bloco de Esquerda, sobre imigração e, nesse assunto, sobre PSD, com fortes avisos sobre eventuais aproximações ao Chega.

Foi já a fechar as declarações aos jornalistas, que Marcelo Rebelo de Sousa foi desafiado a comentar as recentes declarações de Luís Montenegro e Carlos Moedas sobre imigração, pedindo implicitamente que o PSD se demarque do Chega: “A cópia perde sempre com o original”, disse, pedindo aos dirigentes sociais-democratas que não vão atrás da “emoção” e da tentação de “captar votos e ser mais populista”. Como o Expresso avançou no início do mês, a ambiguidade do PSD em relação ao Chega é uma preocupação do Presidente, que gostava de ver a liderança de Montenegro a descolar.

“Não se pode ir atrás da emoção, a emoção muitas vezes não é racional, e a cópia perde sempre com o original”, começou por dizer Marcelo esta terça-feira sobre as declarações de sociais-democratas relativas a políticas de imigração. E continuou sem nunca se referir diretamente ao Chega e ao PSD: "Declarações muito emocionais feitas em cima de casos correm o risco de ser irracionais e de irem a reboque de posições mais emocionais que terão sempre mais sucesso em termos de captar a opinião pública, captar votos e de ser mais populista", salientou o Presidente da República, que pediu “cabeça fria em vez de ir a correr atrás do prejuízo”.

"Quando se trata de um tema tão sensível como esse, nós temos de ter muito bom senso no seu tratamento. Estamos a falar de pessoas, de pessoas que são vítimas em muitos casos de redes de utilização de seres humanos, e estamos a falar de deficiências do funcinamento do enquadramento dessas pessoas na sua legislalização ou no acompanhamento da sua atividade laboral, e isso já é uma responsabilidade nossa", defendeu Marcelo, que foi mesmo crítico para os dois sociais-democratas que na semana passada tiveram declarações polémicas sobre imigração: Moedas a defender que só possam entrar em Portugal imigrantes com contrato de trabalho, Montenegro a defender que Portugal deve “procurar pelo mundo” as comunidades que possam interagir melhor com os portugueses. E rematou: “Um país com emigrantes espalhados pelo mundo não pode ter dois pesos e duas medidas.

A importância da alternativa em democracia

A ocasião também foi aproveitada para comentar as mudanças no Bloco de Esquerda. Momentos após o anúncio de que Catarina Martins não será recandidata à liderança do Bloco de Esquerda, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou os sete anos de diálogo quase semanal para deixar o cumprimento à ainda líder bloquista, mas também para deixar alertas ao Governo e aos outros partidos da oposição, quase que num apelo a que se renovem e se afirmem como alternativa ao PS.

Faz parte da vida da democracia os partidos mudarem e todos percebemos os desafios que se colocam ao sistema político português. Por um lado, quem é governo tem de governar bem e tem uma ocasião única para o fazer. Por outro, as oposições têm de se reformular, porque de um lado e do outro têm de pensar no seu papel no futuro, que alternativas oferecem”, disse o Presidente à margem de mais uma iniciativa Músicos em Belém.

"Ter alternativa é muito importante em democracia. É preciso que os portugueses olhem e vejam alternativas para o caso de nos sentirmos cansados e entendermos que esta solução, ao fim de três legislaturas, está esgotada. É isso que os partidos todos estão a procurar", disse.

Os alertas de Marcelo continuaram, focados na execução do PRR. Em véspera de um encontro com António Costa e o Governo sobre este assunto, Marcelo considerou o “tema muito sensível” e lembrou que o dinheiro ainda não chegou "aos destinatários finais". Esta quarta-feira, o Governo vai apresentar ao Presidente um ponto de situação do PRR: a sessão será em parte pública, havendo depois um período fechado apra perguntas e respostas, à imagem do que eram as reuniões no Infarmed sobre a Covid-19.

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