André Ventura já declarou em tempos que foi Deus quem lhe atribuiu a missão de mudar Portugal. Posteriormente, em setembro do ano passado, no XI Conselho Nacional, o líder do Chega insistiu que o partido nasceu para “salvar Portugal” e que foi esse o “mandato” que recebeu. E até teve uma visão na Batalha: “O comboio da história só passa uma vez por nós. Está a passar aqui neste momento. Eu vejo-o!”. Pelo caminho, também vai citando Santo Agostinho e São Paulo. Já nesta V Convenção Nacional, que termina este domingo em Santarém, declarou que abandonar a liderança agora, “ali mesmo na curva, quase, quase a ver a Terra Prometida”, não seria “desprendimento” mas “cobardia”. E prometeu “sangue, suor, lágrimas e muita fé” e até “toda a [sua] vida” pela missão que lhe terá sido confiada.
Ora, o segundo dos Dez Mandamentos da Lei de Deus é “não invocar o santo nome de Deus em vão”. Mas nem militantes, nem dirigentes do Chega se mostram desconfortáveis com esta apropriação do catecismo para propósitos políticos. “Eu também sinto que Deus me deu uma missão”, diz Manuel Matias ao Expresso. Contexto: o pai da deputada Rita Matias renunciou ao cargo de assessor político do grupo parlamentar em abril passado, um dia depois de a Transparência Internacional Portugal ter denunciado o “caso flagrante” de Manuel Matias ser assessor de uma bancada onde a filha se senta, algo “expressamente previsto e proibido pela letra da lei”.
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