25 março 2023 22:26

O presidente do Parlamento vai a feiras, inaugura escolas, reúne-se com jovens, visita emigrantes, toma posição sobre os assuntos de atualidade e tem presença nas redes sociais. É invulgar presidir à AR com tanta intervenção pública. Presidenciais? Decisões só em 2025
25 março 2023 22:26
“Com a rede puxo para mim o que se move na sombra”, escreveu Augusto Santos Silva, terça-feira passada, na sua conta no Twitter, e a curta citação do poeta Nuno Júdice com que o presidente da Assembleia da República (AR) quis assinalar o Dia Mundial da Poesia é uma boa imagem do seu invulgar percurso à frente do segundo órgão de soberania do país. Não há memória de outro presidente da AR com o grau de intervenção pública que Santos Silva tem mantido no primeiro ano do seu mandato, e somam-se rumores sobre a ambição que alimentará na sombra de correr para Presidente da República em 2026. O próprio não diz que não. “Quem pensar nisso antes de 2025 precipitar-se-á muito”, afirmou ao Expresso, legitimando que o seu nome continue na lista dos possíveis candidatos à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa.
O rumor do ‘Augusto’ presidenciável começou muito cedo — em julho deu uma entrevista à RTP onde lançou o tabu: “Não rejeito nada” —, e a atitude que assumiu, bastante mais interventiva do que era habitual no cargo, logo deu nas vistas. Num artigo de opinião no “Público”, ‘Santos Silva às costas de André Ventura, a caminho de Belém’, João Miguel Tavares cedo teorizou sobre a forma como o novo presidente do Parlamento tinha feito do confronto com o líder do Chega uma imagem de marca do seu consulado, e concluía que “é o Chega, e apenas o Chega, que pode permitir a Santos Silva transformar a presidência da AR num cargo politicamente relevante”.