Defesa

Praças e sargentos defendem que nova falha do 'Mondego' reforça alerta dos 13 militares

Navio de patrulha oceânica "Mondego" da Marinha portuguesa
Navio de patrulha oceânica "Mondego" da Marinha portuguesa
Marinha

Presidente da Associação de Praças, cabo-mor Paulo Amaral, defendeu que os motivos "de ordem técnica" que levaram o 'Mondego' a ter de abortar novamente uma missão esta segunda-feira nas Ilhas Selvagens, na Madeira, confirmam que "as coisas não estavam a correr bem" no passado dia 11 de março

As associações militares representativas dos sargentos e praças defenderam esta terça-feira que o facto de o navio 'Mondego' ter falhado novamente uma missão reforça o "grito de alerta" dos 13 militares que recusaram embarcar noutra operação este mês.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Praças (AP), cabo-mor Paulo Amaral, defendeu que os motivos "de ordem técnica" que levaram o Navio da República Portuguesa (NRP) 'Mondego' a ter de abortar novamente uma missão esta segunda-feira nas Ilhas Selvagens, na Madeira, confirmam que "as coisas não estavam a correr bem" no passado dia 11 de março.

"Veio a confirmar-se que de facto as condições de segurança que o navio tinha não eram as indicadas para navegar em qualquer tipo de missão, seja ela qual fosse", considerou, numa referência à polémica que no passado dia 11 envolveu 13 militares que se recusaram a embarcar numa missão de vigilância de um navio russo, na Madeira, alegando falta de condições de segurança no 'Mondego'.

Para o dirigente da Associação de Praças, esta situação reforça o que "aqueles 13 camaradas transmitiram de uma forma leal, honesta e séria ao comandante do navio" e que estes marinheiros "não cometeram nenhum ato de insubordinação, nem de insubmissão, mas sim de extrema lealdade para com a Marinha de guerra portuguesa e para com a pátria".

"Infelizmente, para nós, foi a confirmação do grito de alerta lançado pelos 13 marinheiros", considerou o presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), António Lima Coelho.

O sargento vincou que esta "foi uma atitude de grande responsabilidade, coragem e grande dignidade".

"Aqueles homens, se o tínhamos dito no dia 11, hoje com mais certeza, com mais propriedade dizemos, que aqueles homens não fizeram o que fizeram de ânimo leve, ou só porque lhes apeteceu, tinham a clara consciência do estado dos equipamentos", salientou.

Lima Coelho confessou que gostaria de ver alguns comentadores retratarem-se após declarações ofensivas sobre os 13 militares.

Quanto ao chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, o sargento afirmou que caberá ao próprio pronunciar-se sobre o assunto.

"Espero ver do senhor almirante uma atitude consentânea com aquilo que estamos a viver. Assim como o senhor almirante entendeu fazer o que fez naquela altura, espero que da mesma forma perceba e diga o que entende, mas isso ao senhor almirante caberá", acrescentou.

Quanto ao Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, António Lima Coelho afirmou que, se na altura do primeiro incidente, o chefe de Estado defendeu um reforço da manutenção dos equipamentos, agora tem ainda mais motivos para tal.

"Se o senhor presidente tinha essa preocupação, julgo que agora tem matéria mais do que suficiente para voltar a afirmar a sua preocupação com muito mais veemência", defendeu.

Hoje, o Comando da Marinha da Zona Marítima da Madeira avançou em comunicado que o NRP 'Mondego' "largou ontem [segunda-feira], pelas 22:20 horas, do porto do Funchal por forma a efetuar a rendição dos agentes da Polícia Marítima e de elementos do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza nas Ilhas Selvagens, tendo, por motivos de ordem técnica, regressado, ao início da manhã de hoje, ao porto do Caniçal, em segurança".

A informação adianta que o navio "será objeto, ainda hoje, de uma inspeção técnica por parte de peritos da direção de Navios, que se deslocarão à ilha da Madeira". Segundo a mesma autoridade, a rendição dos elementos destacados nas Ilhas Selvagens será assegurada hoje pelo navio 'Setúbal'.

No passado dia 11 de março, o NRP Mondego falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, após 13 militares terem recusado embarcar, alegando razões de segurança.

A Marinha participou o sucedido à Polícia Judiciária Militar (PJM), em Lisboa, no âmbito de inquérito criminal, tendo também instaurado processos disciplinares.

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