Crise política

Paulo Macedo defende Mário Centeno: “Não me parece uma incompatibilidade” nem se coloca conflito de interesses

Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos
Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos
NUNO FOX

Presidente da Caixa Geral de Depósitos não vê conflitos de interesse na sugestão de António Costa. Macedo mostra-se satisfeito com a decisão de Marcelo permitir a aprovação do Orçamento para 2024, e acha que a saída de Centeno do Banco de Portugal, não sendo incompatível, criaria instabilidade

Paulo Macedo defende Mário Centeno: “Não me parece uma incompatibilidade” nem se coloca conflito de interesses

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Atacado pela oposição por ter sido proposto por António Costa para o suceder, e evitar eleições legislativas, Mário Centeno teve, ao fim desta sexta-feira, uma defesa. O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, colocou-se ao lado do governador do Banco de Portugal, considerando que não haveria qualquer incompatibilidade em sair para um novo governo, embora admita que a sua saída do supervisor criaria instabilidade.

“Não me parece que uma pessoa competente e séria, por se disponibilizar a prestar um serviço ao país, isso represente uma incompatibilidade, tanto mais que foi ministro num governo concreto. Não me parece que haja surpresa nenhuma relativamente à sua área política ou proximidade”, declarou Macedo na conferência de imprensa que deu esta sexta-feira em Lisboa, 10 de novembro, para apresentação dos lucros de 987 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

Saída criaria instabilidade

“A minha questão é que o eventual conflito de interesses não me parece que, neste caso, se coloque”, continuou o responsável de um banco sobre o governador, que é o supervisor dos bancos, em resposta a questões dos jornalistas.

Mas há uma questão que se levanta: “Não é a afastar o Governador do Banco de Portugal que ajudava a estabilidade do país”, declarou o antigo ministro da Saúde, continuando: “Aumentar instabilidade com instabilidade é tudo menos o que precisamos”.

Sobre este tema, o Banco de Portugal ainda não se pronunciou, e o BCE remeteu-se ao silêncio, ainda que lembrando que Centeno faz parte do Conselho que junta os governadores e que, portanto, tem de respeitar o Código de Conduta da autoridade, que tem consagrado o princípio de independência.

Satisfeito pelo Orçamento aprovado

Nas respostas aos jornalistas, Paulo Macedo mostrou-se satisfeito pela decisão tomada por Marcelo Rebelo de Sousa de esperar pela aprovação do Orçamento do Estado para 2024. “Ontem tive oportunidade de expressar que seria positivo o Orçamento ser aprovado, e parece que assim vai acontecer. Dentro de um cenário de maior incerteza [é] dar alguma perspetiva de maior certeza”, declarou.

Mas o presidente do maior banco português vê efeitos da crise política, com a demissão a ser motivada por uma investigação judicial sobre corrupção no seio do Governo. “Vimo-nos confrontados com uma apreciação negativa em termos internacionais, mas isso quer dizer que, em termos económicos, Portugal fica mais debaixo de foco. Aspetos que são menosprezados internamente, como a redução da dívida, ou como o défice ou de superavit, passam a ter muito mais importância agora”, continuou Paulo Macedo.

Sem desculpas para não fazer

Tal como tinha referido numa conferência com outros banqueiros esta quinta-feira, o que é importante para a economia é que o país não fique paralisado.

“Apesar de estarmos num Governo que vai estar, de acordo com a legislação e as datas que o Presidente definir, ter algumas limitações na sua ação, convém que coisas como a execução do PPR, ou diversas outras que foram apontadas, possam continuar a ser desenvolvidas. Que não sirva de desculpa para adiar todas as decisões”, repetiu.

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