Corrupção: Ana Gomes desafia PS a "ir a jogo" para "não deixar bandeira" para o Chega
Antiga eurodeputada socialista diz que socialistas têm agora oportunidade de corrigir má transposição de diretiva comunitária de 2014
Antiga eurodeputada socialista diz que socialistas têm agora oportunidade de corrigir má transposição de diretiva comunitária de 2014
Jornalista
Ana Gomes considera o pacote anticorrupção apenas uma "agenda de boas intenções" onde o Governo "nem sequer se comprometeu com um prazo" mas desafia o PS a "ir a jogo" e a ser até "mais exigente" para "não deixar esta bandeira para o Chega".
Na opinião da antiga eurodeputada socialista, que tem feito do combate à corrupção a principal bandeira do seu ativismo político, nada obsta - pelo contrário - ao endurecimento das leis que regulam, por exemplo, o regime de perda de bens. E este é um dos aspetos onde, no seu entender, o PS deve "ir a jogo" procurando não deixar o tema por conta de André Ventura.
Corroborando o que o Governo já disse, Ana Gomes afirma que na possibilidade de penhorar bens em espécie mesmo não havendo ainda uma sentença transitada em julgado o que está em causa é tão somente a transposição de uma diretiva da UE (a 2024/1260, de 24 de abril deste ano). E dessa diretiva, assegura, não se retira qualquer problema de inconstitucionalidade visto que qualquer decisão deverá ser de um juiz, "quando está convencido que o bem [a penhorar] proveio de uma atividade ilícita", e isto tanto a pessoas individuais quanto coletivas, revertendo a receita ou para o Estado ou para as vítimas.
Portanto, o PS deve, de acordo com Ana Gomes, aproveitar para "corrigir o que fez incorretamente nos últimos anos, favorecendo a corrupção, a criminalidade organizada e a fuga ao fisco" quando "não transpôs corretamente" uma outra diretiva anterior sobre combate à corrupção, a 2014/42, na qual até trabalhou intensamente, enquanto eurodeputada do PS.
Quando ao conjunto de ideias apresentado quinta-feira pelo Executivo, Ana Gomes diz ainda que padece de uma "falha fundamental" de não ter propostas sobre crimes fiscais e controlo das transferências para off-shores. "Sobre isto, zero".
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