Política

Costa e as buscas da PJ: “Sempre concordei com Rui Rio: não devemos fazer julgamentos de tabacaria"

Costa e as buscas da PJ: “Sempre concordei com Rui Rio: não devemos fazer julgamentos de tabacaria"
TIAGO MIRANDA

António Costa mantém velha máxima: “Deixemos a justiça funcionar". Questionado sobre buscas na sede do PSD e na residência do ex-líder social-democrata, primeiro-ministro põe-se ao lado de Rui Rio sobre a necessidade de não fazer julgamentos na praça pública e rejeita que esteja a desvalorizar os crimes de corrupção: tem havido “reforço de meios”, diz

Costa e as buscas da PJ: “Sempre concordei com Rui Rio: não devemos fazer julgamentos de tabacaria"

Rita Dinis

Jornalista

Depois de ter desvalorizado o facto de o ex-secretário de Estado da Defesa se ter demitido após ter sido constituído arguido na operação Tempestade Perfeita, da Polícia Judiciária, António Costa foi esta quarta-feira questionado sobre a falta de confiança dos cidadãos na política portuguesa e manteve a máxima já aplicada ao seu antigo secretário de Estado: deixar a justiça funcionar. Na Lituânia, a propósito da cimeira da NATO, Costa escusou-se a comentar o caso concreto das buscas na casa de Rui Rio e dirigentes do PSD, mas rejeitou que esteja a subestimar a gravidade dos casos de corrupção que estão a ser investigados e afirmou que prova disso é o “reforço de meios” que tem havido na PJ.

“Digo o mesmo que já disse no sábado: deixemos a justiça fazer o seu trabalho”, começou por dizer aos jornalistas, enumerando de seguida os vários “motivos” para os portugueses confiarem no sistema de justiça. Desde logo por causa do “grau de independência dos tribunais” e da “autonomia do Ministério Público”, que “não é tão elevado em país nenhum do mundo como é em Portugal”, mas também por causa do "quadro jurídico robusto que confere os meios legais necessários para que as autoridades possam agir". “Aqui, ninguém está acima da lei, seja um cidadão comum, seja o primeiro-ministro, seja quem for”, disse.

Criticado por ter desvalorizado o caso que envolve Marco Capitão Ferreira, tendo afirmado que os portugueses querem é que o Governo resolva os seus problemas, António Costa recusou que o Estado esteja a “subestimar a gravidade deste tipo de criminalidade económico-financeira” e afirmou que, no âmbito da estratégia nacional de combate à corrupção, o Governo “tem vindo a reforçar como nunca a PJ com meios humanos e técnicos” para poder agir.

É nesse sentido que concorda com Rui Rio, que sempre foi contra os “julgamentos de tabacaria”. “Nisso, sempre tive concordância absoluta com o dr. Rui Rio quando ele dizia que não devemos fazer julgamentos de tabacaria. É preciso confiar na justiça e no seu funcionamento sem andar a teorizar e a opinar trazendo para a praça pública esses julgamentos", afirmou.

Para Costa, de resto, remeter a justiça para o plano dos tribuanis foi um ganho civilizacional importante, e fazer o contrário seria um “retrocesso”. “Passar os julgamentos da praça pública para as televisões seria um retrocesso civilizacional apenas com avanço tecnológico”, disse ainda, sublinhando que os portugueses têm razões para confiar na política porque foram os políticos que desenharam este sistema de justiça independente.

“O Estado de Direito é compreensivo e pressupõe a presunção de inocência. Não se deve fazer nenhum julgamento antecipado”, disse, referindo-se às buscas hoje noticiadas que estão a ser feitas nas sedes do PSD e na casa de Rui Rio por suspeitas de uso de dinheiros do Parlamento para pagar salários a funcionários da antiga direção de Rui Rio.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: rdinis@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate