António Costa deverá reagir amanhã aos duros avisos do Presidente da República, mas o Expresso sabe que a crise política deverá ficar - para já - por aqui. Governo tenta desvalorizar ultimato do PR ("já não é novo") e acredita que, tendo sobrevivido a isto, se a economia continuar a dar frutos, não haverá motivos para Marcelo espetar a espada da dissolução tão cedo
Tudo na mesma, sem surpresas, e Marcelo até “podia ter feito pior”. Se a relação entre Belém e São Bento já estava marcada pela ameaça da dissolução, a diferença agora, no entender de alguns, não é gritante: a ameaça deixou de ser apenas uma ameaça e a espada em cima do Governo passou a estar à vista de todos. De resto, e apesar de Marcelo ter decretado o fim da “solidariedade institucional”, pouco muda. É assim que, sabe o Expresso, o Governo de António Costa está a olhar para a dura declaração do Presidente da República ao país a fechar mais um capítulo da crise política: se, depois de ter sobrevivido a sentenças de “irresponsabilidade”, a economia se for portando bem e a inflação começar a desinchar, então Marcelo não terá motivos para dissolver tão cedo.
Mas, para isso, também é preciso gelo nos pulsos. Como o Expresso escreveu esta quinta-feira, depois de ter desafiado Marcelo com a não-demissão de João Galamba, a ordem no Governo passou a ser para os socialistas serenarem o tom das críticas ao Presidente. E, para evitar reações epidérmicas ao discurso de hoje, os socialistas remeteram-se deliberadamente ao silêncio. A reação será feita esta sexta-feira pelo próprio primeiro-ministro, que tem uma sessão pública de entrega do Prémio Camões, às 16h. Terão passado algumas horas depois do discurso que virou uma página na política portuguesa.
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