Queda de uma ditadura, introdução da democracia, lutas partidárias, maiorias absolutas de direita e de esquerda, crises políticas e polémicas no núcleo do partido – no meio século de história, o Partido Socialista (PS) passou por tudo isto. Dias antes do partido celebrar os 50 anos – que se assinalam esta quarta-feira, dia 19 de Abril –, dois dos fundadores do PS lembram os primeiros anos de história do partido e a transformação até aos dias de hoje. Contudo, as opiniões divergem quanto às parecenças entre o partido fundado por Mário Soares, em 1973, e aquele liderado hoje por António Costa. “Não há qualquer semelhança, nem na convicção nem nas políticas”, disse ao Expresso Alfredo Barroso, um dos fundadores do partido que se desfiliou em 2015. Já Alberto Arons de Carvalho, outro dos primeiros militantes do partido, mantém-se como uma das vozes defensoras do PS. “[O PS] permanece fiel aos princípios fundadores e orientadores como as preocupações sociais com pluralismo e democracia”.
“Há uma total diferença [dos primeiros anos do partido]. Hoje, o PS aproximou-se de uma federação de interesses. Estar no poder contaminou o partido, este deixou de ter autonomia de pensamento estratégico e vive exclusivamente para se manter no poder”, criticou o ex-militante número 15 do PS que chegou a ser deputado, secretário de Estado e chefe da Casa Civil da Presidência da República durante os anos em que Mário Soares esteve em Belém. Para Alfredo Barroso, o partido ao qual se juntou quatro anos antes da sua formação oficial – quando ainda era conhecido como Acção Socialista Portuguesa (ASP) – sofreu um “período de transformação” a partir da liderança de António Guterres. “A partir daí, o PS foi-se transformando num partido oportunista que apoiava sempre as iniciativas da NATO e dos EUA”.
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