Política

“Relação entre Marcelo e Costa chegou a um ponto de não retorno”, diz Ventura, que prevê dois anos de “tensão institucional”

Líder do Chega, André Ventura
Líder do Chega, André Ventura
RODRIGO ANTUNES/LUSA

Após duras críticas do chefe de Estado ao pacote Mais Habitação, o líder do Chega antecipa um cenário de “conflito” ou, pelo menos, “tensão institucional” entre Costa e Marcelo

O discurso a “uma só voz” do primeiro-ministro e do Presidente da República na conferência de imprensa conjunta, na República Dominicana, não convenceu André Ventura. Para o líder do Chega, a relação entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa chegou a um “ponto de não retorno”, antecipando um clima de “tensão institucional” nos próximos dois anos.

“Eu diria até que a relação entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa chegou a um ponto de não retorno. Marcelo já não confia neste Governo e eventualmente este Governo já não confia em Marcelo, que entra agora nos últimos dois anos e meio de mandato”, afirmou o líder do Chega, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita à Feira Regional da Cana de Açúcar, na Madeira.

Depois das duras críticas do chefe de Estado ao pacote Mais Habitação do Governo, Ventura admite que com grande probabilidade haverá uma “espécie de conflito institucional” entre o PR e o primeiro-ministro, ou pelo menos “tensão institucional” ao longo dos próximos anos. “Não por culpa de Marcelo Rebelo de Sousa, mas por culpa do Governo que não estava habituado a ouvir críticas”, realçou, acrescentando que agora quando o Executivo as ouve “imediatamente lança os seus cães de fila todos para atacar quem o ataca”, seja o Chega, o chefe de Estado ou qualquer outro líder partidário.

"Já ficou evidente que Marcelo Rebelo de Sousa já descolou do Governo de António Costa. Nós nunca tínhamos ouvido, em sete anos de mandato, o que Marcelo Rebelo de Sousa disse sobre a lei da habitação", observou, sublinhando o facto de o Presidente da República ter considerado que o programa do Executivo é “inoperacional” nos moldes atuais.

Reiterando que acredita que o Executivo não chega até ao fim da legislatura, Ventura deixou ainda um recado a Marcelo: "É importante que o Presidente se mantenha afastado do Governo porque pode ser chamado a decidir e a tomar decisões muito em breve. Na nossa opinião, já devia ter sido", notou.

No sábado, Costa garantiu que a tensão da última semana, após as críticas de Marcelo ao programa para a Habitação, “não abalou” a relação entre ambos. O primeiro-ministro admitiu que as divergências políticas são “algo absolutamente normal” e que em “quase 50 anos de democracia não deverá ter havido algum momento onde as relações entre Governo e PR foram tão fluidas”.

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