O almirante Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), reagiu pela primeira vez, na manhã desta quarta-feira, à revolta no navio patrulha oceânico “Mondego”, onde 13 militares recusaram embarcar para uma missão, invocando problemas de segurança da plataforma. Em declarações aos jornalistas depois de uma conferência com alunos numa escola de Vila Real, o CEMA sublinhou que este “é um problema de hierarquia, que não pode ser substituída por um grupo da guarnição que começa a decidir se faz ou não faz as missões, senão caímos no ridículo, de um dia termos de fazer uma reunião geral antes de cada missão para votarmos de braço no ar”, ironizou.
“Uma coisa posso garantir a todos”, sublinhou o almirante. “Não há Forças Armadas sem disciplina. A disciplina é a cola essencial das Forças Armadas. No dia em que formos indisciplinados, no dia em que não acreditarmos na linha de comando, no dia em que essa linha de comando é subvertida, nós ficamos sem Forças Armadas.” E acrescentou que as “Forças Armadas são exigentes, obrigam a sacrifícios” e que a “disciplina é essencial enquanto cola das Forças Armadas”.
Sobre os aspetos relacionados com a segurança do navio - os militares insurretos alegaram várias avarias e limitações, para além de um motor inoperacional e um gerador avariado - garantiu que a Armada mantêm os níveis de segurança: “A Marinha não manda navios para o mar executar missões quando consideramos que esses navios têm algum risco para as guarnições”, afirmou. E anunciou que esta quinta-feira vai à Madeira, onde se deu o incidente, falar à guarnição para dizer o que acha do “processo”.
Como os militares se recusaram embarcar alegando problemas de segurança, o CEMA voltou a vincar a questão da disciplina: “Isso, quem decide é a hierarquia da Marinha: o comandante do navio, o imediato do navio, os oficiais do navio, e depois os sargentos mais antigos. Mas é o comandante do navio que é o último responsável. E esse comandante não nos disse que o navio estava em risco de cumprir missão”, isto apesar de no documento dos revoltosos constar que o comandante chegou a dizer que não se sentia “confortável” com as condições do navio. “Temos de acreditar que há uma hierarquia de pessoas preparadas e estruturadas a tomar decisões”, sublinhou.
Quanto às consequências, o almirante garantiu que “a investigação vai acabar rapidamente porque” privilegia uma “resposta rápida, mas segura”. E explicou que os 13 militares - quatro sargentos e nove praças - “serão presentes à lei portuguesa e aos regulamentos disciplinares correspondentes”.
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