Chega e BE acusaram o ministro dos Negócios Estrangeiros de ter “desrespeitado” a Assembleia da República (AR) e metido a “pata na poça” ao ter anunciado na quinta-feira em Brasília que Lula Da Silva iria discursar no Parlamento português, no âmbito da sessão solene do 25 de Abril.
André Ventura e Pedro Filipe Soares lamentaram esta sexta-feira durante o debate sobre a situação da Ucrânia, que o ministro João Gomes Cravinho não tenha respeitado os preceitos regimentais, que preveem que essas situações sejam discutidas na conferência de líderes parlamentares. Mas divergiram quanto à escolha. Se o líder do Chega considerou que o convite feito ao Presidente brasileiro “envergonha” a “maioria do povo português”, o líder da bancada do Bloco defendeu que a presença de Lula na Assembleia da República (AR) deve “encher todos de orgulho”, uma vez que foi responsável pela saída de Bolsonaro da Presidência do Brasil.
“Eu queria assinalar o desrespeito enorme que teve ontem para com esta casa, este Parlamento e o desrespeito enorme pela maioria dos democratas portugueses”, começou por afirmar Ventura, num pedido de esclarecimento ao ministro dos Negócios Estrangeiros, após a sua intervenção no plenário.
Sublinhando que não é ao ministro que lhe compete anunciar quem discursa na AR, Ventura condenou a ação de Cravinho, sugerindo que serviu também para “desviar atenções”. “Deixo aqui uma nota de repúdio e desconsideração por uma data que devia ser de todos os portugueses e vai ser pela primeira vez partidarizada”, insistiu.
Pedro Filipe Soares disse também que o ministro “colocou a pata na poça”, assumindo um compromisso que não deve assumir e que tem que ser discutido no Parlamento, mas congratulou-se com a ideia .“Não será a trapalhada do ministro que deve impedir um momento que nos encherá de orgulho a todos, que é receber Luís Inácio Lula da Silva, o homem que foi responsável por tirar do poder o genocida Bolsonaro”, atirou.
E virando-se para a bancada do Chega, antecipou que o partido poderá voltar a levantar cartazes no Parlamento, em protesto contra a presença do chefe de Estado brasileiro. “Ele [Lula] tal como nós sabe que cada insulto dessas pessoas é um elogio a quem defende a democracia”, sustentou.
Apesar dos pedidos de esclarecimento, Gomes Cravinho remeteu-se ao silêncio, afirmando apenas que a “questão central” do debate desta sexta-feira na AR é o “triste aniversário da guerra” desencadeada pela Rússia. “André Ventura disse lamentar não vir falar disso, também eu lamento que não venha falar disso”, concluiu.
Na quinta-feira, o PSD e a IL também criticaram o anúncio feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, que classificaram de “gaffe indesculpável” e situação “inaceitável”.
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