Marcelo avisa Costa que não há desculpas: "Só o Governo pode enfraquecer a estabilidade política", seria "imperdoável desbaratar 2023"
Rui Ochoa/Presidência da República
“Só o Governo e a sua maioria podem enfraquecer ou esvaziar” a “vantagem comparativa” que é a “estabilidade política”, avisa Marcelo Rebelo de Sousa, que diz não haver desculpas para a maioria socialista não fazer em 2023 “o que está ao nosso alcance”. Presidente da República abriu o ano com um sério aviso a António Costa: “2022 não foi a viragem esperada” e “seria imperdoável desbaratar 2023”.
Marcelo Rebelo de Sousa entrou em 2023 com um sério aviso a António Costa: não há desculpas para o seu Governo de maioria absoluta não “fazer o que está ao nosso alcance”.
“Já basta o que não depende de nós para nos preocupar ou amargurar. Não desperdicemos o que só de nós depende”, afirmou o Presidente da República na mensagem de Ano Novo que dirigiu ao país e em que deu nota negativa ao que fica de 2022 - “em Portugal, não foi o ano da viragem esperada” - e subiu a fasquia para 2023: “Seria imperdoável que o desbaratássemos”.
“Só ele - ele, Governo - pode enfraquecer ou esvaziar” a estabilidade política, a que Marcelo chama “vantagem comparativa” na Europa, “ademais com um Governo de um só partido e de maioria absoluta”. E passa a explicar o que pode deitar tudo a perder, usando um guião que parece a história do primeiro ano de vida desta maioria socialista - “ou erros de orgânica, ou descoordenação, ou fragmentação interna, ou inação, ou falta de transparência ou descolagem da realidade”.
Fiel ao desafio que tem repetido nas últimas semanas para que se encare 2023 como um “ano decisivo”, Marcelo insistiu que este “tem que ser um ano ganho”, porque “se o perdermos”, em diversas frentes, entre elas, “em estabilidade que produza resultados e que seja eficaz, em oportunidade de atração de pessoas e meios, em uso criterioso e a tempo de fundos europeus", de nada servirá - avisa o Presidente - "a consolação de nos convencermos de que ainda tempos 2024, 2025 e 2026 pela frente”.
“Um 2023 perdido compromete, irreversivelmente, os anos seguintes”, antecipa o Presidente analista, confrontando António Costa - que em entrevista ao Expresso não fechou a porta a recandidatar-se em 2026 - com um apertado calendário. Ou a maioria absoluta consegue num ano a viragem falhada em 2022 ou, segundo Marcelo, entrará em perda até ao final da legislatura. Até porque, lembrou, “2024, 2025 e 2026 serão um longuíssimo período de constante campanha pré-eleitoral e eleitoral”.
Numa mensagem quase exclusivamente dirigida à maioria socialista, o Presidente da República desafia o Governo a acelerar a marcha. “Sabemos que em Portugal, apesar daquilo em que estivemos melhor do que muita Europa”, não conseguimos “a viragem” e “entramos em 23 obrigados a evitar que seja pior do que 2022”.
“Está ao nosso alcance agirmos, lá fora, para ajudar a encurtar a guerra”, para “prevenirmos o risco do regresso da pandemia”, “defendermos com outros, as reformas na Europa sem as quais não garantiremos a sua resposta económica e financeira” e, cá dentro, “tirarmos proveito, neste tempo de guerra e de instabilidade noutras paragens, da situação privilegiada de paz e segurança para atrairmos turismo, investimento externo e localização de recursos humanos qualificados".
Com um foco especial no PRR, Marcelo insiste que faz parte do caderno de encargos deste ano “tirarmos proveito de fundos europeus que são irrepetíveis e de prazo bem determinado”.
“Depois de quase dois anos de pandemia e quase um ano de guerra, é tempo de voltar a sonhar”, conclui o Presidente. Sem desculpas.
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