Política

Indemnização na TAP: partidos da oposição querem explicações do Governo, mesmo após saída de Alexandra Reis

Indemnização na TAP: partidos da oposição querem explicações do Governo, mesmo após saída de Alexandra Reis
NUNO FOX

PSD pediu audições urgentes aos ministros e gestores envolvidos. Caso da polémica saída da TAP não acabou, mesmo com saída de Alexandra Reis da secretaria de Estado do Tesouro

Alexandra Reis saiu do cargo de secretária de Estado de Tesouro já a noite de terça-feira ia adiantada, mas o caso da polémica indemnização paga pela TAP não acabou. Nas reações à demissão da agora ex-governante, os partidos da oposição convergem na ideia de que continua muito por explicar. E exigem respostas.

É nessa ideia que tem carregado João Cotrim Figueiredo, líder do Iniciativa Liberal, esta manhã. À SIC, afirmou que há questões por responder tanto quanto à gestão executiva da companhia aérea como quanto à gestão política — leia-se, o que sabiam, como sabiam ou por que razão não sabiam Fernando Medina e Pedro Nuno Santos dos contornos da saída de Alexandra Reis da TAP e a sua ida para a NAV. pouco tgempo depois.

Cotrim Figueiredo diz que os ministros das Finanças e das Infraestruturas “não podem vir pedir esclarecimentos à 25ª hora sobre uma empresa que tutelam e para onde nomearam onze administradores”. Os liberais querem que seja avaliada a “responsabilidade política” do caso, incluindo a do primeiro-ministro.

Foi, aliás, a António Costa que Miguel Pinto Luz, vice-presidente do PSD, atirou. “Como é que o primeiro-ministro nunca sabe nada? Que gestão faz António Costa do seu Governo para que estas trapalhadas sejam a normalidade?”. Pinto Luz revisitou os casos e as saídas de membros do Governo desde a tomada de posse, que se têm sucedido à razão de um por mês, para afirmar que “são demasiados casos” e com respostas “nunca cabalmente esclarecedoras”.

Principal partido da oposição, o PSD pediu audições urgentes aos ministros e gestores públicos envolvidos no caso. E tenta também subir o tom. “Se o Governo não inverter o rumo rapidamente, não restará ao PSD outra alternativa que não assumir as responsabilidades históricas de quem nunca fugiu aos desafios mais duros”, afirmou Pinto Luz.

“Como é que o primeiro-ministro nunca sabe nada?”, pergunta Miguel Pinto Luz

O problema é para lá de político. Embora notando que o caso mostra como “o Governo não faz ideia do que se passa na TAP”, Mariana Mortágua usa o caso mais como um exemplo do tipo de gestão na companhia aérea. “Não se compreende como é que a TAP tem este regime de privilégio, enquanto corta salários de trabalhadores”, disse a deputada do Bloco de Esquerda.

Assim como não compreende “como é que a TAP demite uma administradora contra a vontade do Governo”, que, por fim, “quer contratar essa administradora para outra empresa pública e depois promovê-la a secretária de Estado”. Resume Mortágua com um outro facto “incompreensível”: “a circulação de gestores públicos a partir da vontade do PS, que teve como início de história uma indemnização milionária”.

Essa é ainda mais uma questão, ligada a todas as outras: meio milhão de euros recebidos por Alexandra Reis, que pediu 1,4 milhões para acordar uma saída da TAP. O PCP fala em valores “obscenos”, que não podem acontecer numa altura de despedimentos de trabalhadores. Jorge Pires, dirigente comunista, diz mesmo que o valor em dinheiro é “a questão central” do caso. Que é também uma questão “ética e moral”, mais do que legal.

Também o líder do Chega, André Ventura, recorreu ao Twitter para, partilhando uma intervenção sua no Parlamento, falar de dinheiro. “Na TAP pagam-se bónus milionários, indemnizações alucinantes e compram-se carros de luxo, mas rescindem-se contratos de trabalho, de fornecedores e aumentam-se preços aos consumidores.” Ventura fechou com mais uma pergunta que fica em aberto do caso Alexandra Reis. “Vamos continuar assim?”

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