Rodrigo Gonçalves, o membro da direção do PSD alvo de buscas esta terça-feira por suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e prevaricação, é um dos caciques mais poderosos de Lisboa: controla centenas de votos há anos e até usava a sua carrinha pessoal para transportar militantes em dia de eleições internas; já foi condenado por agressão a autarca idoso do PSD; demitiu-se de consultor da liderança de Rui Rio depois de uma investigação jornalística que o ligava à criação de perfis falsos nas redes sociais; tinha contratos com uma rede de empresas de amigos e militantes que migraram da Junta de Freguesia de Benfica, presidida por si, para a Junta das Avenidas Novas, liderada por Daniel Gonçalves, o seu pai, o que levou ao afastamento de ambos nas autárquicas de 2017 depois de uma investigação do Observador. E teve outros processos de que foi ilibado, mas acabou reabilitado pela candidatura de Carlos Moedas à capital e depois por Luís Montenegro, que o levou para a direção nacional do partido.
A prova de que Luís Montenegro estava agradecido pelo apoio e pelos votos controlados pela família Gonçalves na concelhia de Lisboa, foi o facto de, mesmo antes de ser líder do PSD, ter estado presente em 2021 na tomada de posse de Daniel Gonçalves no seu regresso à junta das Avenidas Novas, que tinha gerido entre 2013 e 2017 - e que foi alvo das diligências judiciais que também envolveram Isaltino Morais, em Oeiras. Aliás, são várias as fontes do PSD a assegurar ao Expresso que Rodrigo Gonçalves foi uma escolha pessoal de Montenegro para a sua direção e não uma indicação da distrital lisboeta, até porque terá negociado pessoalmente com ele os apoios à sua candidatura para a liderança, segundo outras fontes sociais-democratas.
O líder do PSD, no entanto, já reconheceu que “a criminalidade em investigação é grave” e que vai “avaliar” o caso de forma “muito rápida”, e que o partido tirará “todas as ilações” e, “do ponto de vista político, agirá em “conformidade”.
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