António Costa pressionado a reforçar coordenação do Governo

Quando, em dezembro de 2020, Pedro Nuno Santos disse que tencionava sujeitar a votos no Parlamento o plano de reestruturação da TAP e foi desautorizado em toda a linha por António Costa, o ministro foi chamado à atenção em pleno Conselho de Ministros. Internamente, o sinal dado era claro: havia um primeiro-ministro e era ele quem tomava as decisões. Desta vez, a desautorização foi tão pública que nem mereceu mais reparos. A ordem no Governo é para mostrar que o assunto, “grave mas efémero”, foi ultrapassado e a crise que opôs Pedro Nuno Santos a António Costa não foi sequer mencionada no Conselho de Ministros desta quinta-feira, cujo tema único era “saúde”. A falha de comunicação e de coordenação vem mesmo de trás: Pedro Nuno Santos nunca falou da sua solução para o impasse do novo aeroporto nas reuniões do núcleo duro. Apesar de a ter discutido com o primeiro-ministro.

Tratou-se de um problema de coordenação política do primeiro-ministro? Para muitos socialistas, sim, havendo quem considere que a maioria absoluta levou o Governo a um erro de cálculo: “Não percebeu que não ia ter estado de graça.” Para outros, contudo, não há coordenação para “quem não quer ser coordenado”. “Neste caso, foi um ministro que agiu sozinho e assumiu o erro”, diz um dirigente do PS. Certo é que vários membros do Governo, ouvidos pelo Expresso, pedem a António Costa que olhe para uma remodelação futura, desligada deste caso, com os olhos na necessidade de, apesar do conforto da maioria absoluta, ter um maior peso político a ajudar o primeiro-ministro na ligação aos vários ministérios.

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